A fome e o desperdício de alimentos, embora pareçam grandezas escalares anuláveis entre si, coabitam simultaneamente a sociedade brasileira. Paralelo a isso, existe a perspectiva dos alimentos transgênicos, que passaram a ser produzidos no Brasil com o propósito de acabar com a fome no país, no entanto, além de não atingirem esse objetivo afetam o meio ambiente de forma negativa. Diante disso, levanta-se a questão : como reverter a atual situação paradoxal do Brasil? Sabe-se que o Brasil é um grande produtor-exportador de alimentos, conhecido no estrangeiro como o "celeiro do mundo". A permissão de cultivo no país, de alimentos transgênicos, se deu com a prerrogativa de maximizar a produção, e, por conseguinte, acabar com a fome nas comunidades carentes. Porém, a maior parte da produção é exportada, e, o pouco que permanece em solo brasileiro se torna demasiadamente caro e inacessível. Além disso, as plantas transgênicas promovem uma interação intra especifica desarmônica com as espécies nativas, com a capacidade de alterar completamente o bioma original. Logo, o cultivo de alimentos geneticamente modificados no Brasil não cumpre com a função social de dizimar a fome e promove lucro á poucos em detrimento da destruição da flora brasileira. Outrossim, destaca-se a falta de consciência coletiva á população brasileira como impulsionadora do desperdício de alimentos. Pesquisas indicam que, diariamente, toneladas de alimentos aptos ao consumo são jogados no lixo por não apresentarem uma estética atraente. Os estabelecimentos comerciais não conseguem vender produtos que não estejam perfeitos e por isso dispensam esses alimentos enquanto milhões de brasileiros sofrem com a fome. Nesse sentido, o descarte de alimentos serve como a base do paradoxo supracitado. Diante disso, torna-se evidente a necessidade de um compartilhamento de responsabilidades : o Ministério da Agricultura precisa vetar a atual permissão de cultivo de alimentos transgênicos no país, uma vez que esses não trouxeram os benefícios propostos e estão dizimando as plantas nativas. Além disso, os líderes comunitários precisam promover campanhas, ministradas por nutricionistas e sociólogos, para instruir a população à uma escolha mais consciente na hora das compras, para que assim, o número de comida desperdiçada diariamente diminua. Em síntese, desde que haja diálogo e comprometimento ,entre todas as esferas da sociedade, na luta contra a fome e o desperdício assim como à preservação de nossos biomas naturais, o Brasil seguirá em direção a um futuro mais sustentável e justo com todos os seus habitantes.