Um animal, ao estar privado de comida, diz-se estar com fome. Por conseguinte, a constância desse estado acarreta na problemática, não apenas restrita ao Brasil, sobre o desperdício alimentício e seus reflexos ambientais. A perda excessiva de mantimentos reflete um corpo social ineficaz estruturalmente e, culturalmente irresponsável. Observa-se que, segundo o professor José Abrantes e pesquisas da FAEP, 26,3 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo de domicílios todo ano, além disso, a perda mais expressiva ocorre no transporte. Portanto, surge uma antítese: a cidade marcada pela quantidade de matéria orgânica jogada fora, atraindo diversos animais, e um Brasil com 1,7% de seus habitantes passando fome. Ademais, comida não utilizada, ainda é recurso gasto. De fato, historicamente as civilizações sempre estiveram às margens de rios, dada a importância destes para a sobrevivência e agropecuária, como a egípcia e a babilônica. No entanto, hoje, o setor primário possui acesso aos aquíferos e grandes cursos de água deslocados, além disso, utilizam energia elétrica, químicos e imensa quantidade de área verde, como é evidenciado no desmatamento amazônico. Logo, tal qual Padre Antônio Vieira afirma: “assim como os peixes comem-se uns aos outros, os homens também o fazem”, numa crítica à sociedade, pode-se averbar que “o homem come a natureza”. Em suma, medidas são necessárias para resolver o impasse por etapas. Primeiro, há a necessidade de mobilidade com eficácia na infraestrutura brasileira, seja implantando ferroviárias ou melhorando as estradas. Em seguida, como coloca Marcos Mendes sobre a educação ser o melhor programa social, aliar órgãos públicos do setor alimentício junto aos da cultura e educação para criarem projetos que, na capa dos produtos, alertem sobre o desperdício e junto aos canais midiáticos virtuais, atingir os brasileiros para torná-los responsáveis.