Contrária ao modelo inglês de polícia estabelecido no século XIX — que não tinha por objetivo o total controle sobre os seus cidadãos —, a fundação da polícia brasileira teve o sentido de,à época, ser uma polícia para o controle social da escravidão, e em grande parte, por consequência dessa matriz fundadora, o povo brasileiro, ainda hoje, é subjulgado e morto por policiais militarizados. Hoje, notadamente, a naturalização da violência policial é produto das demandas de uma República brasileira conservadora, que perpassou por períodos históricos: dos massacres indígenas às marcas da escravidão negra, e em razão disso, essa mesma polícia ainda segue afligindo, de maneira segregacionista, grande parte dos brasileiros. Segundo dados do Datafolha, em 2015, mais de 60% dos moradores, os quais 85% negros ou pardos, de cidades com mais de 100 mil habitantes, têm medo de sofrerem agressões da PM, em razão da letalidade e do paradigma bélico de enfrentamento ao inimigo, o qual ja se mostrou absurdamente inadequado para o enfrentamento das demandas socias, como as UPPs no RJ (dados análogos supracitados) que fazem aumentar, ainda mais, a violência e mortes entre os civis marginalizados. Outrossim, um agravante maior é a impunidade, a Anistia Internacional acompanhou 220 investigações sobre mortes causadas por PMs ocorridas no período de 4 anos,e, em apenas um caso, o policial chegou a ser formalmente acusado pela Justiça. Assim é fácil perceber a urgente necessidade de melhorias no modelo atual da polícia militar, sobre a perspectiva de torna- la mais humananizada e íntegra à sociedade,e ainda que militarizada. Portanto, para sanar essa problemática, se faz elementar a proposição e aprovação, pelos Senadores, de uma PEC para criar ouvidorias externas de controle sobre a PM, com a finalidade de encaminhar formalmente à justiça as denúncias dos crimes da corporação para conseguir reduzi-los. Assim como as organizações de Direitos Humanos elaborarem protocolos definindo diretrizes de atuação para a PM, junto a uma formação mais humanizada dos policiais, inserindo conteúdos de Direitos Humanos e cidadania na formação do policial, isso para dirimir a truculência e a letalidade do agente militar e causar a ruptura com o seguinte histórico paradigma do Jornal Aurora Fluminense : — Precisamos ter uma força armada o suficiente, que pela sua disciplina, gente escolhida de que se compuser nos inspire confiança, e aos escravos infunda terrror.