Mais de 500 mortos em uma série de ataques na Baixada Santista, 111 presos assassinados em 1992 durante o Massacre de Carandiru, excesso de violência em protestos e abuso de poder recorrente. Esse histórico trouxe novos questionamentos sobre o papel da PM (Polícia Militar) e sua desmilitarização. Segundo uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgada em julho de 2014 e que entrevistou mais de 21 mil policiais em todo o Brasil, mostrou que 73,7% deles são a favor a desvinculação do Exército, 76,1% deles defenderam a desmilitarização e 93,6% disseram que é preciso modernizar os regimentos e códigos disciplinares. Destarte, em maio de 2012, a Dinamarca chegou a recomendar, na reunião do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que o Brasil extinguisse a Polícia Militar. No entanto, a ideia foi negada nacionalmente por ferir a Constituição Federal de 1988 e a dúvida permaneceu sobre o que de fato significaria uma proposta pela desmilitarização. Entretanto, para o coronel reformado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e ex-secretário de segurança do DF, Jair Tedeschi, entre os militares, a posição é outra: a ideia de desmilitarização policial é uma “falácia”, defende. “O que querem é quebrar a disciplina e a hierarquia que existe em qualquer organização. Não é porque a polícia é militar que age puramente como militar. A função dela é civil. As suas bases de disciplina e hierarquia que são militares". O coronel avalia ainda que "o policial militar de hoje sabe distinguir quem tem direitos e deveres. Na rua, é obrigado a tomar decisões”, observa. Destarte, desmilitarizar a polícia não significa desarma-la,nem muito menos acabar com ela. Porém, é evidente que reformas devem ocorrer para tornar a ação da polícia menos violenta, e mais preocupada com a garantia dos direitos humanos. Assim, é preciso que alguém tenha força política para avançar tal discussão, se não daqui a dez anos estaremos com os mesmo problemas e discutindo as mesmas possibilidades de hoje.