O Estado como instituição que detém o monopólio do uso da força utiliza-se de recursos de modo a conter a violência. No entanto, a ação do segmento da Polícia Militar é constantemente criticada devido às atitudes abusivas e de desrespeito aos princípios de garantia da dignidade humana. Nesse sentido, é necessário a compreensão da violenta formação das forças de segurança no Brasil, além de repensar a instrução policial dando ênfase à aspectos humanizados. Em 1809, foi criada em território brasileiro a Guarda Nacional, aparato que tinha como objetivo proteger a família real e também, capturar aos escravos fugidios aplicando punições exemplo. Além disso, o regime militar no período de 1964 a 1985 atribui à polícia um caráter de violência desmedida e uso de torturas para coibir comportamentos considerados subversivos. Em consequência dessas perspectivas históricas é nítido a presença de resquícios do passado nas atuais corporações, revelando práticas autoritárias e de pouco diálogo com os diversos atores sociais. De acordo com o filósofo grego Epíteto – Todo grande poder é perigoso para um debutante. Sob essa ótica é notório a ineficiência da preparação dos aspirantes à oficiais no Brasil, em que o treinamento não contempla amplamente princípios constitucionais e sociológicos que prepare o policial para lidar com as situações que encontrará em serviço. A violência policial, portanto, é um desafio contemporâneo à efetivação da segurança pública. Sendo assim, é imprescindível que as corporações militares reformulem o treinamento dado aos oficiais, conferindo-lhe maior carga horária e perpassando tópicos de ética, psicologia e direitos humanos, de maneira a qualificar adequadamente os policiais. Também é fundamental a atuação do Estado, proporcionando estratégias para a mudança de paradigma da mentalidade policial, para tal, o uso de campanhas e projetos comunitários é um meio viável de aproximar os agentes da sociedade, ressaltando a aspiração de ambos à uma cidade segura.