Brasil, século XXI. Um cenário sangrento onde os gladiadores contemporâneos protagonizam uma história de terror e crueldade. Esses são alguns dos homens designados a manter a ordem, mas por imprudência deixam a segurança a desejar e os direitos humanos consequentemente transgredidos. Mediante a tantas ações injustas e desonestas, a desmilitarização da polícia no Brasil parece ser uma solução vantajosa. Contudo, essa é uma ideia teórica longe da realidade prática. O massacre do Carandiru em 1992 foi um episódio marcante na história penitenciária mundial. A intervenção militar contra a rebelião evidenciou um caso de desumanidade e corrupção policial. Segundo relatos, os 111 mortos foram vítimas da violência abusiva dos militares. Hoje não é diferente, a legitimidade desses agentes torna-os propensos ao abuso de autoridade, igualmente, a tolerância disso por parte da Justiça Militar viabiliza o aumento de casos de violação dos direitos humanos. Entretanto, a ideia de remover o caráter militar da polícia não é a melhor maneira de combater esses problemas. A polícia militar brasileira possui o dever de fazer a segurança e manter a ordem dos civis. De acordo com o filósofo francês Rousseau, para manter a ordem é imprescindível estabelecer um contrato social entre a sociedade e o governo. Observa-se, então, que a segurança exercida por parte dos militares é necessária à sociedade como medida governamental de segurança. Retirar o poder militar dos policiais equivale a instituir a desordem, rompendo com o contrato social. Exemplo disso foram os transtornos ocorridos no estado do Espírito Santo decorrente da paralisação dos policiais, um saldo de 200 roubos de veículos em um dia e 75 mortos em quatro dias. É notório que esses agentes não são uma ameaça à paz, pois casos específicos não podem ser generalizados. Desmilitarizá-los fomentará o crime enfraquecerá a segurança pública. Levando-se em conta o que foi discutido, a realidade prática da desmilitarização da polícia no Brasil, de fato, não será uma boa alternativa para atenuar as injustiças e atitudes abusivas de alguns desses agentes que causam terror à sociedade. É necessário, em primeiro plano, que haja criação de maiores e mais rígidos critérios de incorporação militar, por parte dos órgãos responsáveis preocupando-se, primeiramente, com os aspectos morais e culturais dos indivíduos alistados, instituindo, por exemplo, mais etapas de testes avaliativos. Em segundo plano, o Governo deve aplicar maior investimento escolar em matérias imprescindíveis na formação moral desses futuros agentes sociais como sociologia e filosofia. Assim, haverá ordem, segurança e execução efetiva da justiça na sociedade.