A desmilitarização da polícia representa, para alguns, a solução para violência policial e corrupção na instituição, porém enfrenta resistência pela parcela mais conservadora da sociedade e também dentro da corporação. Antes de se posicionar, deve-se entender a segurança pública brasileira e quais seriam os efeitos práticos de uma real mudança. Sempre houve duas polícias no Brasil, a civil e a militar, que diferem nas suas competências, sendo a primeira investigativa, incumbida de questões judiciais, e a segunda responsável pela repressão e prevenção de crimes. A desmilitarização as unificaria e tornaria civil todo o contingente, portanto, na prática, seria a extinção da corporação militar, alvo de diversas críticas, todas envolvendo, de alguma forma, desvios de comportamento. Uma instituição de segurança pública não consegue cumprir seu papel quando sua imagem está corrompida, e, uma vez maculada, não há forma de limpeza total da reputação. Sendo assim, considerando a situação atual de descrédito do grupo policial encarregado pela s práticas ostensivas, desmilitarizar significa retomar a confiança e crédito da população, além de um alívio financeiro para os estados, já que, sem a separação, o governo estadual desembolsa o dobro. Apesar da defesa por parte conservadora da sociedade, que enxerga na PM um exemplo ético, justificando os constantes casos de corrupção como desvios isolados, e de alguns membros da própria corporação, em sua grande maioria oficiais detentores de regalias graças à patente, a Polícia Militar não possui estrutura necessária para exercer sua função como é determinado pela Constituição. O treinamento dado aos policiais é mal direcionado e extremamente insatisfatório, pois não os prepara adequadamente para situações que serão enfrentadas em operações, por exemplo, em comunidades dominadas pelo tráfico, e objetiva a guerra ao crime e não a manutenção da ordem. Além da preparação, a instituição é mal paga e mal armada, ou seja, não possuem condições de atuação. A função que a Polícia Militar desempenha é fundamental em qualquer sociedade, mas a PM em si não é. A unificação das corporações civis e militares nos estados do país, apesar de primeiro passo, não é o único. O aprimoramento deve ser dividido em três frentes: O treinamento deve ser adequado, seguindo exemplo de polícias européias, e de duração de três anos. O investimento em armamento por parte dos governos federal e estaduais deve ser aumentado. E, por fim, o piso salarial deve ser de cinco mil reais. A desmilitarização da polícia é um avanço, desde que estrutura seja dada a nova e unificada corporação.