Defendida por 76,1% dos policiais militares em uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, a desmilitarização mostra-se uma medida a ser adotada, pois além de precisarmos de uma defesa em prol da sociedade e não do Estado, os próprios militares pedem a desvinculação com o exército. A divisão da polícia em dois segmentos: civil e militar apenas acarreta mais uma dificuldade a um sistema judiciário já lesado, ou seja, o chamado ciclo policial fica em aberto, ao passo que cada segmento de policiais exerce “meia função”, ficando uma delas, a prevenção ou a investigação dos delitos, a desejar e nunca fechando o ciclo. A educação militar está baseada na “filosofia de guerra”, portanto, preocupa-se com a formação de um “guerreiro”, privilegiando a repressão truculenta e subjugando a liberdade de expressão, como foi o caso da prisão do soldado da PM, João Maria Figueiredo da Silva, detido por questionar o modelo policial brasileiro em uma rede social. Além de ser prejudicial à própria corporação, a ação militarizada da PM apresenta-se incoerente em relação à democracia, fundada na cidadania e na dignidade da pessoa humana. Um exemplo de que não é necessário a militarização para agir com eficácia é a Polícia Rodoviária Federal, que desempenha bem seu papel, é forte, armada, de caráter intensivo e não militarizada. Enfim, é preciso mudar a cultura em torno da formação dos integrantes das instituições policiais, uma alteração que unifique o ingresso e o treinamento nas corporações, modificações asseguradas pela legislação e com prazo estabelecido por lei para suceder. Unindo-se os segmentos civil e militar conseguiremos assim, integralizar o ciclo.