A polícia militar, assim com o próprio nome indica, surgiu de uma dissidência histórica das forças armadas, portanto seu treinamento beira as condições dos treinamentos de guerra e prepara seus componentes para intervenção pesada frente a crimes cometidos para com a sociedade. A problemática se encontra justamente nas condutas agressivas absorvidas pela corporação, não somente em relação a maneira com as quais fazem a abordagem, muitas vezes violando os direitos humanos, mas também com seus próprios membros de modo que seu treinamento diário expõe os policiais a condições físicas e psicológicas extremas, tornando assim a desmilitarização uma questão de saúde pública. Por fazer parte de uma hierarquia intimidadora que os submete a punições desumanas e anti-éticas como por exemplo as prisões por atraso, os militares acabam por ceder à subordinação à autoridade, o que justifica por muitas seu comportamento duro e agressivo durante a jornada de trabalho. Tal submissão remete ao experimento feito pelo psicólogo americano Stanley Milgram que no ano de 1961 objetivou compreender até que ponto uma pessoa é capaz de cometer atrocidades desde que alguém a mande. Assim como Milgram provou nos Estados Unidos, sabe-se que há membros da polícia militar brasileira que embora treinados fisicamente com perfeição, não apresentam preparo ético para a abordagem criminal, conduzindo sua jornada de trabalho de maneira tão desumana que faz com que muitos cidadãos os vejam como uma ameaça ao invés de apreender uma imagem de segurança. A polícia militar é dentre as polícias do Brasil a que enfrenta nos dias de hoje o maior índice de depressão e suicídio, a integralização com as outras policias proporcionada pela desmilitarização representa para esses policiais uma questão de sanidade mental e física, graças a redução dos treinos abusivos e preparo psicológico para a abordagem criminal. Para a sociedade, a desmilitarização significa deixar de temer e passar a ver a polícia não mais com os olhos de receio e sim com o olhar da confiança.