Título da redação:

Cidade não é zona de guerra

Tema de redação: Desmilitarização da polícia militar

Redação enviada em 28/03/2017

Para se tornar um policial militar no Brasil, além de ser aprovado em concurso público, é necessário passar por um treinamento intensivo, o qual pretende preparar o profissional para as mais diversas situações que ele poderá encontrar durante o policiamento ostensivo pelas ruas da cidade. O problema é que, esse treinamento, da maneira como é realizado atualmente, enxerga a cidade como um campo de batalha. Por consequência disso e por ser um integrante das Forças Armadas, o policial, cuja atuação é urbana, é treinado da mesma forma como são treinados militares da Marinha, Aeronáutica e do Exército, ou seja, capacitados para enfrentar uma guerra e todos os percalços que ela implica. Por conseguinte, grande parte dos policiais militares acaba perdendo a noção e a consciência de que, na verdade, irá trabalhar diariamente com cidadãos comuns e com a segurança deles. Por isso, não são raras notícias sobre policias militares que, durante uma abordagem, atiraram primeiro, executaram ou torturaram pessoas ou agrediram verbalmente suspeitos. Obviamente, existe sempre uma parcela corrupta e com desvios de caráter, o qual, mesmo com treinamento adequado, poderá não ser corrigido. Porém, caso os policiais fossem capacitados para lidar com cidadãos em um ambiente urbano, eles poderiam ser vistos como defensores da sociedade e seriam menos estereotipados como violentos. Portanto, a desmilitarização do policial urbano pode ser uma solução viável para aperfeiçoar o trabalho ostensivo de segurança nas cidades. Por meio de treinamento adequado para lidar com situações envolvendo cidadãos, será possível transformar o policial em um protetor e não em um combatente. O treinamento deve incluir o aprendizado para saber proceder durante assaltos, sequestros e roubos com poder de negociação, a fim de solucionar os conflitos com o mínimo de uso da força e da violência. As armas de fogo devem ser usadas corretamente e em último caso. Além disso, é preciso acompanhamento psicológico constante, já que o lide diário com situações extremas pode provocar danos emocionais. Por fim, com a desmilitarização do policial ostensivo, é necessário promover a integração total com a Polícia Civil, objetivando melhorar a atuação conjunta na investigação, no combate e na prevenção de crimes.