A Polícia Militar brasileira, criada em 1809 pela coroa, teve sua soberania intensificada com o início da ditadura no país, em 1964. Mesmo após mais de trinta anos do fim desse regime, a estrutura de segurança pública permanece a mesma, acarretando diversos danos à população e aos profissionais dessa área. Nesse contexto, é importante rever a situação das entidades de proteção atual para, então, discutir a desmilitarização. Cabe entender, de início, que a preparação militar assemelha-se a do exército, assim sendo, há uma contradição na sua finalidade. Os treinamentos policiais são, muitas vezes, violentos e abusivos, visto que o intuito desses é preparar o indivíduo para desafios bélicos, contudo o papel da polícia na sociedade é o de defender a cidadania. Dessa forma, seguindo a lógica determinista, na qual o homem é produto do meio, os policiais tendem a reproduzir, nas ruas, os abusos e a repressão sofrida na sua capacitação. Ademais, convém frisar, os males que a estrutura policial atual traz para os profissionais e à população. Devida a hierarquia vertical e o poder decisório centralizado, os policiais não tem a liberdade de defender ideias, cumprindo ordens, às quais, muitas vezes, não concordam. Além disso, esse sistema veta a organização sindical e o direito à greve, submetendo vários atuantes às condições de trabalho precárias. Essas imposições têm resultados catastróficos, como, por exemplo, a paralisação policial no início de 2017 no Espírito Santo, onde observou-se um aumento drástico de homicídios e roubos. Fica claro, portanto, que a desmilitarização precisa ser discutida. Em primeiro lugar, a mídia pode mostrar à população a conjuntura atual da polícia e as mudanças advindas de um reforma, por meio de propagandas televisivas. Além disso, a Secretária de Segurança Pública, deverá encarregar-se não só da reforma da polícia militar, mas também da polícia civil, por meio de novos treinamentos à todos os profissionais. E, por fim, o estado deverá conter quaisquer tipos de conflitos, através da criação de bases específicas. Somente assim, os abusos policiais ficarão nas memórias da ditadura.