Título da redação:

A Inclusão Roubada

Tema de redação: ENEM 2017 - Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil

Redação enviada em 06/03/2018

Em “A Carta Roubada” de Edgar Allan Poe, um delegado encontra-se exausto após revirar a casa do principal suspeito pelo furto. Porém, não contava que a carta poderia ser encontrada com facilidade: bastava apenas abrir o porta-cartas sobre a lareira. Depreende-se do conto estadunidense que, não raro, a solução para os problemas encontra-se na obviedade. Traçando-se um paralelo aos desafios da formação educacional de surdos no Brasil, torna-se claro que é pela própria educação que tais desafios serão vencidos, mesmo soando como clichê. Primeiramente, é notório o despreparo das escolas para receberem alunos surdos. Assim, mesmo que assegurado constitucionalmente o direito à educação, vê-se uma queda brusca na matrícula de surdos na educação básica. Isso ocorre pois o corpo escolar desconhece Libras. Assim ocorre um desconforto, pois o aluno não se sente parte do colégio levando à evasão escolar. Para o britânico Aldous Huxley, uma sociedade tende ao conformismo frente a situações como esta, pois é um caminho mais fácil. Contudo, tão comportamento deve ser interrompido com urgência. Além disso, verifica-ser que essa inércia perante o acolhimento dos surdos no ambiente escolar terá reflexos na sociedade. Eric Hobsbawm conclui em “A Era das Revoluções” que a superestrutura teve poder para mudar a infraestrutura da época. Congruente ao pensamento do britânico, tem-se a escola – parte da superestrutura atual – com potencial para transformar a forma como a sociedade receberá os surdos. Pois, através do ensino de Libras aos que não possuem tal deficiência a infraestrutura prepara-se aos surdos em todos os seus âmbitos. Assim, os deficientes auditivos terão espaço no mercado de trabalho, política e sociedade. Em suma, cabe ao Estado, por meio de uma emenda constitucional colocar na grade do ensino – desde o maternal até o colegial – a Libras dentro da grade regular com aulas semanais e uma avaliação bimestral para verificar se o ensino foi efetivo. Assim, espera-se a formação de cidadãos, professores, funcionários e futuros trabalhadores que saibam dialogar com os surdos fazendo com que estes sintam-se parte da sociedade. Dessa forma, a educação inclusiva será o “porta-cartas” com a solução para os desafios da formação educacional de surdos no Brasil.