A formação educacional de pessoas portadoras de necessidades especiais ainda se configura como um dos principais desafios da sociedade brasileira atual, considerando as dificuldades que essas minorias enfrentam no seu cotidiano. No caso dos deficientes auditivos, essa situação não é diferente; nota-se que ela é o resultado da permanência de posturas segregatórias, que se materializam na escassez de recursos destinados ao atendimento dessas minorias. Os obstáculos para a inclusão social de indivíduos com deficiência auditiva podem ser compreendidos como um reflexo da manutenção de atitudes discriminatórias originadas no fim do século XIX e intensificadas durante o período de expansão do nazifascismo, como a eugenia. Esse conceito ideológico legitimava o preconceito contra deficientes ao considerar que eles deveriam ser excluídos da sociedade por serem supostamente "improdutivos". Ainda que essas ideologias tenham entrado em declínio com o fim da Segunda Guerra Mundial, o discurso da eugenia permaneceu implícito nas sociedades ocidentais devido à sua incorporação por grupos conservadores extremistas, que propagam ódio contra minorias e desprezam os direitos humanos. A escassez dos recursos destinados à melhoria da educação dos deficientes auditivos é uma das marcas da manutenção desse caráter segregatório, que se concretiza na negligência do Estado em oferecer um tratamento igualitário para todos os cidadãos. Portanto, para que seja possível promover o desenvolvimento de uma educação mais inclusiva em relação aos surdos, é necessário que o Estado crie programas para ampliar os investimentos na área de Pedagogia de modo a formar mais profissionais capacitados para o ensino de Libras, redirecionando também o dinheiro público para a construção de novas escolas adaptadas às necessidades desses indivíduos.