Título da redação:

Caracteres derramados: a ferida aberta

Tema de redação: Cyberbullying e o avanço da tecnologia nos desvios da moralidade.

Redação enviada em 20/07/2015

Desde o período da Guerra Fria com a sua criação, a Internet vem revolucionando os meios onde atua. Segundo os dados do IBGE, no período de 2005 a 2009, seu uso aumentou cerca de 70% em todo país. Entretanto, com o seu uso desmedido e de fácil acesso, comportamentos que visam degredar a imagem do outro, surgiram numa atitude covarde e, muitas vezes, anônima de afronta e incitação ao ódio. Cyberbullying é o nome dado aos comportamentos agressivos que se utilizam de violências verbais, psicológicas e, até mesmo, simbólicas através de meios tecnológicos, especialmente a Web. Estas violências geram danos de cunho psicológico e emocional às suas vítimas, podendo levá-las, por exemplo, ao isolamento social, mau convívio familiar, desenvolvimento de doenças psíquicas e/ou físicas, chegando, em alguns casos, ao suicídio. Cioran — filósofo romeno — dizia que nascer é entrar num universo de sofrimentos. Adequando para o atual contexto, ser vítima de cyberbullying é estar num universo de sofrimentos, onde, muitas vezes, não se sabe a causa real da ofensa, sendo assim uma violência abstrata, porém dolorosa. Estudos reportam que, a cada ano, o número de vítimas de cyberbullying aumenta. Como consequência disso, o número de agressores também sofre acréscimo. Logo, se torna necessário evidenciar o problema, de forma a conscientizar de sua gravidade — recursos audiovisuais como, por exemplo, o filme Cyberbully (2011), desempenham tal papel. Contudo, medidas sociais desenvolvidas pelo Governo, como cartilhas e grupos de apoio, podem ser utilizados de forma paliativa, a fim de prevenir futuras dores e curar as antigas. Além disso, o acompanhamento psicológico profissional para ambos os envolvidos — agressor e vítima — são de extrema importância, remediando os traumas causados. Mesmo que Chico Buarque afirme, em Leite Derramado, que "a memória é uma vasta ferida", é preciso, portanto, fazer com que esta cicatrize e que a empatia faça parte do processo.