Título da redação:

À sombra da incivilidade

Tema de redação: Cyberbullying e o avanço da tecnologia nos desvios da moralidade.

Redação enviada em 20/09/2015

Após a Revolução Industrial, no século XVIII, o homem assistiu a um turbilhão de inovações que vieram no compasso das máquinas construídas para dinamizar o processo de produção e usufruto de bens. Sabemos, ademais, que o progresso fortalece as bases do bem-estar social, e com relação ao arsenal tecnológico, o cenário não poderia ser diferente. Todavia, entraves são observados no que tange ao bom uso desses recursos, o que acaba por gerar contradições quanto ao verdadeiro rumo da evolução do ser, a exemplo do fenômeno do ciberbullying__ algo inimaginável em décadas atrás. A tecnologia, seguramente, é capaz de grandes feitos à humanidade, fazendo-se presente nas mais variadas ações do cotidiano: no gesto de acender a luz em um ambiente, à conexão com a internet, em pequenos aparelhos portáteis, ao se caminhar pela rua. E é nesse viés facilitador que explode o imbróglio da degeneração quando em pauta está, justamente, as facilidades adquiridas para a comunicação virtual. Nesse sentido, a tormenta em que se transformou muitas das mensagens publicadas em redes sociais e as postagens que denigrem e aviltam o semelhante são um retrato caótico do quanto estamos longe da civilidade no trato humanístico, apesar da evolução inconteste do meio tecnológico. O bullying praticado no universo cibernético pode ser ainda mais devastador do que o "convencional", em que o algoz não se furta de mostrar-se presencialmente, pois agora o que temos são indivíduos que, na ânsia de realizar o mal, em anonimato, empreendem práticas mais sofisticadas de ataque ( vídeos e fotos comprometedores são apenas alguns exemplos). Já disse a escritora e psicanalista Ana Beatriz Barbosa que "as armas mais elaboradas propiciadas pela tecnologia levam a ações igualmente mais perniciosas". É inegável que o progresso notável oriundo das pesquisas tecnoinformacionais, estudo e dedicação de homens que revolucionaram nosso padrão existencial devem ser comemorados. Ao nos propiciar um cenário de facilidades na transmissão de nossas opiniões, compartilhamento de ideias ou mera comunicação, a tecnologia nos alça a patamares revolucionários, e nesse contexto a internet é de supra importância. Entretanto, ajustes são imprescindíveis se muito do que colhemos desse universo é traduzido por dor, aniquilamento, e, em casos mais graves, depressão. Diante desse panorama, urgem atitudes proativas rumo à transformação do cenário virtual, de modo a se alcançar a primazia de uma saudável capacidade de interação entre as pessoas, e não a involução desse processo. Nesse sentido, a identificação de indivíduos ou grupos que destratam o semelhante, em exercício flagrante de preconceito, intolerância, deve ser providenciada, recorrendo-se à legislação cabível. Às escolas, coadjuvantes da família no papel de impingir valores e princípios morais, cabem projetos que tenham por finalidade a reflexão sobre as consequências do ciberbullyng, zelando pelo bem-estar do seu corpo discente. Ainda, é fundamental que o governo realize campanhas de alerta a esse fenômeno (na mídia impressa, televisionada e eletrônica) em busca de caminhos que possam coibir esse mal que em nada edifica nossa sociedade. Já disse o filósofo Aristóteles: "A educação tem raízes amargas, mas são doces os seus frutos".