Um problema que ninguém quer discutir O Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA) representou um marco histórico ao explanar em seus artigos os papeis a serem desempenhados pelo governo, a sociedade e a família na proteção dos menores, inclusive em situação de rua. E embora haja, a partir dessa lei, a criação de equipamentos sociais governamentais e não governamentais que visam atuar de forma efetiva para ajudar crianças que vivem na rua, suas ações não tem sido suficiente. Um levantamento de 2011 do Governo Federal mostrou que mais de vinte e três mil crianças estavam em situação de rua sendo os principais motivos de fuga a violência no lar e falta de vínculo afetivo com os pais. Além desses fatores, cita-se também a presença de drogas e alcoolismo utilizados pelo familiar ou o menor. Essas condições sociais estão intimamente ligadas à falta de melhores condições de vida das famílias que, com o desemprego crônico de muitos pais, acabam descontando toda frustração nos filhos que buscam abrigo nas ruas. Apesar de boa parte dos menores sentirem-se mais seguros vivendo na rua, eles se tornam extremamente vulneráveis, pois são indiciados a venderem drogas, entrar na prostituição, cometer furtos e até outros crimes mais graves. Além disso, correm o risco de perderem suas vidas, como houve a chacina da Candelária, em 1993, ocasionando a morte de oito menores que dormiam na escadaria por policiais. Dessa maneira, é imprescindível reconhecer que a sociedade, como um todo, não está conseguindo resolver o problema de menores que vivem nas ruas por ser multifatorial e complexo. Entretanto, favorecer acesso da população desempregada aos programas como o Bolsa Família e ampliá-lo ajudaria muitas pessoas. Outro ponto importante seria possibilitar que as escolas fossem integrais tendo um dos turnos com oficinas de aprendizagem de profissão em parceria com empresas privadas que contratariam os melhores alunos.