Nos versos "Um futuro melhor, um emprego, um lar, sinal vermelho não dá tempo para sonhar", da canção "Pátria que me pariu", de Gabriel, o Pensador, é retratada a realidade de uma criança que, abandonada nas ruas, precisa sobreviver por conta própria. De maneira análoga à produção musical, o Brasil observa o alarmante cenário de milhares de crianças em situação de rua, que, devido à desestrutura das famílias e à omissão do Estado, vivem em condições subumanas, legitimando, então, a necessidade de se buscar soluções para a problemática. Em primeiro plano, convém destacar que a ausência de harmonia nos lares é um dos principais fatores que incentivam vários jovens a deixarem suas casas. Sob esse aspecto, vale salientar que, conforme defendeu o sociólogo Émile Durkheim, o âmbito familiar é um espaço repleto de fatos sociais, cujas características podem, dentre outras consequências, afetar negativamente a formação dos indivíduos. Dessa forma, ao terem contato com um ambiente caótico, de constantes brigas entre os pais, muitas crianças optam por deixarem a residência e, por conseguinte, passam a carecer de recursos mínimos para uma vida digna, como uma boa alimentação. Logo, vê-se que é necessário procurar alternativas para se resolver essa grave conjuntura. Outrossim, é importante ressaltar que a inércia do Poder Público em relação à adversidade também contribui para a permanência dessa na sociedade brasileira. Isso ocorre porque, apesar de o Artigo 6 da Constituição Federal de 1988 estabelecer a garantia de direitos básicos para todos os cidadãos, a exemplo de moradia e segurança, vê-se que, no que tange ao panorama das crianças na rua, essa noção não é concretizada. Tal fato é verificado nos números da "Campanha Nacional Criança Não é de Rua", cujos dados revelam que mais de 21 mil infantos encontram-se nas ruas da nação atualmente e que aproximadamente um terço desses já foram ameaçados de morte. Dessarte, medidas devem ser tomadas para plena resolução desse problema. Evidencia-se, portanto, a urgência em reverter esse quadro extremamente preocupante no Brasil. Nesse sentido, o Ministério do Desenvolvimento Social, em parceria com a mídia e com o objetivo de reduzir a persistência dos jovens na rua, deve promover, nos diversos meios de comunicação, propagandas sobre a importância de se manter um ambiente de diálogo e de paz nos lares brasileiros, para que, desse modo, as crianças possam ter uma infância tranquila e segura. Ademais, cabe ao MEC criar políticas afirmativas de reservas de vagas em escolas públicas para infantos em situação de rua, buscando, assim, reintegrá-las à comunidade. Dessa maneira, a pauta será atenuada, e situações como as descritas em "Pátria que me pariu" tornarão-se menos verossímeis.