Durkheim, sociólogo francês, expressa em sua teoria que um fato social patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Seguindo essa linha de pensamento, fica evidente que a situação das crianças de rua no Brasil se encaixa, de acordo com o pensador supracitado, como uma patologia que está presente na atualidade brasileira. Sendo assim, se faz necessário compreender a influência da desigualdade social e das relações familiares que resultam na atual conjuntura. Convém ressaltar, em primeira instância, que a falta de acesso à educação é o principal propulsor da permanência da extrema pobreza no país. De acordo com Aristóteles, é dever da política investigar as formas de governo capazes de garantir a felicidade coletiva. Porém, é perceptível que, no Brasil, a ideia do filósofo grego não é efetivada, haja vista que a desigualdade social, como fruto de um sistema capitalista, juntamente a péssima qualidade do ensino público faz com que determinada família não ascenda socialmente e acabe, por consequência, submetendo seus membros, que incluem as crianças, a viverem sob condições desumanas. Com base nisso, é correto afirmar que tal situação se agrava, principalmente, com o pouco comprometimento do estado com a questão. Outrossim, é fácil notar que a instabilidade das relações familiares pode levar a problemas de desabrigação de crianças. Com relação a isso, é verdade que conflitos entre pais gerados pelo uso de drogas, violência, abuso sexual e gravidez indesejada são motivos que levam crianças e adolescentes a verem a rua como único caminho para fugirem dessa realidade que as acomete. Tendo em vista isso, fica claro que o planejamento familiar é de suma importância para atenuar essa questão, pois, sem ele, essas pessoas ficam mais vulneráveis a vida externa que pode, além da condição de mendicância, levá-las para a criminalidade e dependência química. Logo, é dever do Governo Federal, juntamente ao Ministério da Educação, criar um projeto que vise construir, nos municípios onde há maior incidência de desabrigação infantil, casas de apoio que atendam integralmente as crianças sem teto, com o oferecimento de escolas, cursos profissionalizantes, alimentação e acompanhamento de psicopedagogos até sua vida adulta, para que assim o indivíduo tenha condições de ingressar no mercado de trabalho e crescer em meio a sociedade. Sendo assim feito, serão formados cidadãos mais conscientes e planejados com o futuro, o que diminuirá consideravelmente, também, a possibilidade de seus filhos morarem na rua.