É indubitável que o problema de crianças em situações precárias, como não ter um teto e sobreviver nas ruas, existe no Brasil de uma forma alarmante. Levando em consideração esse contexto, é necessário que algumas questões sejam analisadas: o descuido da família com menores de idade e os perigos sofridos pelas crianças sem-teto. O defunto-autor machadiano, Brás Cubas, afirma não ter tido filhos, pois com isso não transmitiu à nenhuma criatura o legado da miséria humana. Percebe-se a miséria supracitada em atitudes desleixadas de algumas famílias, pode-se mencionar, por exemplo, o abandono de seus filhos, mesmo com a alternativa de deixá-los em um orfanato. Outra situação recorrente é quando há um desestruturação familiar, tornando a casa um ambiente inapropriado para a infância, convertendo deste modo a possibilidade de fugir de casa, aderida muitas vezes pelos filhos. Em consequência desses atos, vê-se a todo instante crianças vivendo precariamente nas ruas. Estão presentes nas ruas, inúmeros perigos e ameaças que atingem as crianças sem uma casa todos os momentos. De acordo com Maud Boer-Buquicchio, a relatora especial da ONU , esses jovens que estão sem-teto, têm um grande risco de serem abusados sexualmente, tendo que escapar da violência constantemente. Além disso, umas vez nas ruas, eles sofrem de grande privações de seus direitos, como saúde e educação, estes já previstos pelo Estatuto da Criança e Adolescente, o ECA. Diante do exposto, combater a situação de rua das crianças, reveste-se de grande valor. Destarte, se torna necessário a criação de instituições voltadas para o tema, que recebam casos de menores sem-teto, com denúncias populares, e através de uma ação estatal, forneçam o aplicamento correto do ECA, garantindo os direitos destes. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e estas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação deve instituir, em espaços públicos, palestras ministradas por psicólogos, que discutam o combate a desestruturação familiar, a fim de que o tecido social evite o abandono ou fuga de crianças. Só assim, o país começará a avançar significativamente em relação à esse assunto.