O Brasil enfrenta uma realidade bastante precária em questão às crianças em situação de rua. Como se não bastasse a ineficiência das políticas públicas, os processos de adoções também são muito burocráticos. Desse modo, essas crianças permanecem no convívio com drogas, prostituição, trabalho infantil e violência. Sobretudo, a cultura da classe trabalhadora é contra as escolas e rejeita os valores da classe média, sendo assim, torna-se incontestável a máxima do sociólogo Paul Willis " As crianças da classe trabalhadora conseguem empregos da classe trabalhadora." Em virtude disso, a sociedade contemporânea pode ser caracterizada como estamental, haja vista que as crianças são acostumadas para continuarem no quadro em que se encontram, de modo que as mesmas são negligenciadas, não recebem a adequada formação educacional e são compulsoriamente lançadas às ruas para trabalharem. Vale salientar que as crianças que vivem em situação de rua não foram necessariamente abandonadas pelos pais. Por exemplo, em famílias de baixa renda com muitos filhos, é comum os pais obrigarem os filhos a trabalharem para auxiliar no sustento da casa, ao invés de estudarem. Embora essa prática vá de encontro ao Estatuto da Criança e do Adolescente, sabe-se que no Brasil a fiscalização é falha. Além disso, as crianças não tem muitas opções, ou o trabalho infantil e a janta à mesa, ou a escola e a falta de comida para os irmãos. Ademais, os processos burocráticos de adoção, a falta de ONG's e orfanatos, dificultam - e muito- a saída dessas crianças da situação de rua. É de conhecimento público que a legislação da infância brasileira é uma das mais avançadas do mundo, contudo, além de não ser efetivada, torna os processos relacionados aos menores extremamente lentos e desanimadores. Por conseguinte, os futuros pais desistem dos processos antes mesmo de darem início e o número de crianças abandonadas cresce desenfreadamente. Portanto, para mitigar a situação das crianças em situação de rua, de imediato, é necessário não apenas que o governo facilite os processos de adoção, para acelerar o vazamento dos orfanatos a fim de que os mesmo possam receber aqueles que ainda não estão abrigados, mas também efetive as leis do país e puna os que ferem os direitos dos menores. A médio e longo prazo, é imprescindível que os governos municipais e estaduais invistam em auxílios estudantis para controlar as evasões escolares, com o intuito de que o jovem conclua sua formação educacional e ingresse no mercado de trabalho com dignidade.