Brás Cubas, o defunto autor de Machado de Assis, diz que a melhor escolha feita foi não ter filhos, pois não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Por meio desse pensamento, observa-se que, hodiernamente, muitos pais se distanciam dos filhos e não dão a atenção que merecem. Dessa forma, surge a problemática da desestruturação familiar que leva, muitas vezes, buscar o refúgio nas ruas. Tal impasse é justificado pela falta de diálogo entre pais e filhos e não apenas por questões econômicas. Por conseguinte, após a Revolução Tecnocientífica e a massiva entrada da mulher no mercado de trabalho, as crianças passaram a ficar a maior parte do tempo na escola e sozinhas, o que gera consequências desastrosas, desde conflitos internos até o uso de drogas, como forma de escapismo, além do refúgio nas ruas, o que ocorre tanto em famílias menos abastadas até as mais ricas. No entanto, é dever do Estatuto da família promover o apaziguamento de conflitos familiares. Observa-se que existem outros fatores que colaboram com essa realidade. Destacam-se, então, o vício e a violência doméstica, os quais são determinantes para a estigmatização dos desabrigados. Dessa maneira, sem moradia, essas crianças são rejeitadas socialmente e, cada vez mais, alvos de preconceito. Além disso, os desabrigados não usufrutam dos direitos básicos. Em vista disso, muitos tornam-se vítimas de exploração sexual, mau-tratos e vários não têm acesso à educação e, consequentemente, quando adultos não conseguem um trabalho digno. Diante disso, constata-se a transgressão de uma das Cláusulas Pétreas, a qual trata acerca dos direitos e garantias individuais, tais como a educação e a isonomia perante a lei. Torna-se evidente que a falha estruturação de uma família é o fator mais agravante da situação de rua de muitas crianças brasileiras. Faz-se necessária, portanto, uma mediação participativa, em que o Poder Executivo aprove a construção de moradias públicas para os desabrigados e ofereça acompanhamento psicológico individualmente a cada um dos menores, cabe, ainda, ao Mec, com as escolas públicas e particulares, reservar algumas vagas às crianças que moram nas ruas e, aos pais, é imprescindível a questão de saber instruir os filhos desde pequenos da maneira mais adequada e amigável possível. Será, assim, assegurado às crianças a segurança e um país em que Brás Cubas pudesse se orgulhar.