Muitos personagens da mitologia grega vivenciaram situações de exposição durante a sua infância. Dentre as narrativas mais conhecidas estão Zeus e Édipo. Tendo em vista que essas narrativas são uma representação transmitida por várias gerações que expressam o mundo e a realidade humana, pode-se associar os casos de abandono da Antiguidade Clássica aos ocorridos na sociedade pós-moderna e afirmar que essa questão atinge a sociedade há séculos. Na sociedade brasileira atual, são inúmeras as crianças que vivem nas ruas. Ao analisar o fenômeno a partir do referencial teórico marxista, fica evidenciado que sob o termo “criança abandonada” se esconde um enorme contingente de crianças que carecem das condições mínimas de sobrevivência e que, enquanto adultos, irão reproduzir a situação de rebaixamento ainda mais acentuado de suas condições econômicas e de não-reconhecimento social. Os debates que se instituem acerca desse tema amplo, multidisciplinar e complexo, geralmente, são caracterizados por ideias paradoxais e contraditórias visto que não há um órgão que se dedique exclusivamente a analisar a origem do fenômeno dos “meninos de rua”, bem como o impacto desse nas relações que se instauram na sociedade. Uma vez que não haja estudos detalhados, os números inseridos em qualquer estudo têm como base um sistema defasado. Se faz notório, portanto, a importância de dados atualizados, pois são essenciais à formulação e implementação de políticas públicas. A Campanha Nacional Criança Não é de Rua promove uma plataforma online que reúne dados sobre crianças e adolescentes em todo Brasil, gerando estatísticas, que em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social, têm a capacidade de ajudar a compreender toda a problemática envolvida nessa questão, e consequentemente, reverter o quadro de vulnerabilidade social em que se encontram.