O Brasil encontra-se em situação de bônus demográfico, o que implica dizer que a população economicamente ativa é maior que o dobro da parcela de crianças e idosos. Apesar de ser uma boa constatação, o envelhecimento da população impõe que esse bônus acabe nos próximos anos. Nesse sentido, é necessário discutir acerca das consequências desse fato para a sociedade brasileira e do que há de ser feito para enfrentá-las. Em primeiro plano, é válido ressaltar que os idosos compõem parte importante da economia. Tal afirmação comprova-se através de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), segundo os quais, em 2015, os idosos já eram 19 milhões e apresentavam potencial de consumo de sete bilhões e meio de reais. Dessa forma, o salário médio dos aposentados (R$777,60) não condiz com as necessidades do grupo, o qual cresce a cada ano e tem seu bem-estar ameaçado. Isso porque não há o devido planejamento previdenciário por parte do Estado e muitas pessoas relutam em investir na previdência privada. Assim, com a diminuição do bônus demográfico e o envelhecimento dos indivíduos, a perspectiva é de que, em um futuro próximo, não haja recursos suficientes para sustentar os idosos e o tempo de contribuição precise aumentar. Além disso, o atendimento médico gratuito, tão importante na terceira idade, que deveria ser proporcionado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), torna-se inviável em razão da atual crise político-econômica: sem os devidos investimentos, hospitais carecem de leitos, materiais, medicamentos e profissionais para atenderem a crescente demanda. Por conseguinte, tal cenário, somado ao baixo salário dos aposentados e ao alto preço de medicamentos, dificultam o cultivo de uma boa qualidade de vida para o grupo em questão. Nessa direção, as palavras do pensador chinês Confúcio sintetizam a importância do enfrentamento do problema social: "não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros". Então, é preciso que o Estado implemente medidas a fim de possibilitar melhor qualidade de vida para a crescente população idosa. Portanto, cabe ao Poder Público intensificar os investimentos em previdência social à curto prazo com o fito de antecipar-se à crise prevista para as próximas décadas, e, dessa maneira, garantir à todos os contribuintes a merecida tranquilidade financeira durante a terceira idade. Ademais, é função do Ministério da Saúde aplicar recursos em programas de atendimento exclusivamente geriátrico, o que inclui a construção de hospitais públicos especialmente para os idosos, além da contratação de profissionais capacitados para lidar com as necessidades físicas e psicológicas do grupo. Tal medida diminuirá filas em hospitais comuns e proporcionará maior rapidez de atendimento e conforto aos indivíduos. Somente assim, o Brasil poderá vislumbrar o futuro com a esperança de ter seus direitos à saúde e bem-estar na terceira idade devidamente garantidos.