O Japão vivencia,desde meados da década de 1990,uma estagnação econômica sem precedentes,o que deve-se,sobretudo,à questão demográfica.Após ter atingido o pico de 128 milhões de habitantes,a população japonesa começou a decrescer,gerando reflexos negativos na economia,no mercado de trabalho e nas contas públicas.Engana-se quem pensa que esse processo seja exclusividade nipônica,pois o Brasil caminha para um estágio semelhante,uma vez que,nos próximos anos,enfrentará o fenômeno do envelhecimento populacional,que impactará as políticas públicas e o sistema previdenciário. Primeiramente,uma população envelhecida exige que haja uma readequação da atuação do Estado. O Brasil inseriu-se na chamada transição demográfica,que consiste em um processo caracterizado pela redução das taxas de fecundidade acompanhada pelo aumento da expectativa de vida,o que deve-se à melhoria da qualidade de vida da população em conjunto à inserção da mulher no mercado de trabalho.Isso significa que,para as próximas décadas,a porcentagem de idosos sobre o conjunto da população total tende a elevar-se,tal como ocorre nas nações européias e no Japão.Entretanto,diferentemente desses países,o Brasil não está conseguindo promover a reestruturação do sistema de saúde e das políticas públicas com vistas a adaptar-se a esse cenário,pois não existem iniciativas governamentais voltadas para a saúde geriátrica e à promoção do bem-estar da população idosa;onde,caso não houver uma intervenção do Estado,poderá constituir-se em um agravante para a sociedade,uma vez que além do sistema de saúde ficar sobrecarregado,boa parte da população idosa ficará desamparada. Outrossim,é válido pontuar a questão relativa ao sistema previdenciário.Isto porque com o envelhecimento da população, o número de aposentadorias tende a crescer de forma geométrica.O problema reside no fato do processo de envelhecimento pautar-se na redução do conjunto da população economicamente ativa,isto é,os indivíduos que estão em condições de produzir riquezas e contribuir para a previdência.Como consequência disso,o sistema previdenciário ficará sucateado,o que levará à deterioração das condições de vida do país,pois os governos não terão outras alternativas senão direcionar recursos de outras áreas; saúde; educação; infraestrutura;etc para cobrir eventuais déficits que venham ser gerados. Pode-se entender,portanto, que o Brasil não está preparado para lidar com o envelhecimento populacional.Para que haja uma reversão nesse quadro,é necessário que o Ministério da Saúde implemente uma resolução que direcione a forma como os investimentos governamentais no setor de saúde sejam efetuados,onde uma porcentagem maior de recursos seria reservada para a construção de hospitais geriátricos,aquisição de itens de necessidade básica e para a contratação de médicos e cuidadores especializados.Em adição,o Governo Federal em conjunto ao Congresso Nacional,deve promover a reforma do sistema previdenciário,o que se daria por meio da criação de um projeto de emenda constitucional (PEC),a qual estabeleceria uma idade mínima para um trabalhador requerer aposentadoria,que seria reajustada gradualmente,conforme a expectativa de vida.Quem sabe,assim,o Brasil consiga envelhecer de forma sustentável.