Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 400 mil pessoas sobrevivem dos resíduos sólidos no Brasil. Apesar desse expressivo valor, a sociedade brasileira, em geral, não valoriza a importância desse trabalho à sobrevivência humana. A subestimação do homem pelo homem e a falta de reconhecimento da relação mutualística entre homem e natureza dificulta a mitigação do impacto do consumo no planeta. A manutenção da enorme desigualdade no país é um dos principais fatores de sustentação dos preconceitos entre as pessoas. A desvalorização dos catadores de lixo pela sua própria espécie consiste na ideia, disseminada por muitos das classes mais abastadas, de que tais trabalhadores são na verdade marginais, pessoas que "atrapalham a beleza" das cidades. Essa falácia demonstra a ignorância sobre uma atividade que poderia gerar cerca de R$ 8 bilhões à sociedade e ajudar no equilíbrio da natureza. Além disso, há por parte de alguns cidadãos negligência quando o assunto é sua relação com o meio ambiente. Os rios Tietê, em São Paulo, e Capibaribe, em Recife, são exemplos desse descuido. Pois em várias ocasiões foram encontrados nesses locais sofás, geladeiras e muitos outros tipos de dejetos. Tal poluição pode refletir na saúde do povo e também, no caso dos rios, no ciclo da água e na sobrevivência dos animais. Infelizmente, isso não é reconhecido por todos. Portanto, para suavizar o impacto do consumo no país é necessário valorizar o trabalho dos catadores. Para isso, o governo deve incentivar a construção de cooperativas e investir em propagandas de consumo consciente e descarte em locais apropriados. Além disso, as escolas devem através da biologia desconstruir preconceitos e esclarecer a importância de uma relação saudável entre a terra e o ser humano; o incentivo a reciclagem é um meio para tal conscientização.