Inicialmente baseada no trabalho, a relação entre o homem e os animais evoluiu até a completa domesticação, vista primeiramente com gatos, no Egito antigo. Hodiernamente, a racionalização humana evidenciou a questão dos maus-tratos provocada pela intempestividade moderna e a relativa aceitação das práticas pelo senso comum. Em primeiro plano, a tese das relações líquidas - isto é, intensas, porém passageiras -, do sociólogo polonês Bauman, se aplica na paixão inicial que cega a criticidade durante a adoção. Dessa forma, motivadas pelo impulso pessoas sem condições emocionais, espaciais e financeiras adotam livremente e posteriormente acorrentam, impõem alimentação inapropriada, agridem e abandonam. Nesse panorama, a volatilidade das interações atuais coloca prazo de validade nessas relações e aumenta o índice de crueldade e abandono. Outrossim, cantigas populares como "atirei o pau no gato '' demonstram um status quo (teoria do sociólogo Hegel que quer dizer pensamento social comum), aceptivo com essas atitudes agressivas. Sob esse viés, a relativização do sofrimento animal que é minimizada pelo senso comum e é corroborada pela Constituição que prevê penas inferiores a tres anos para crimes contra a fauna. Em síntese, o sofrimento bestial é subcategorizado e, até mesmo, ignorado pela atual sociedade brasileira. Dessarte, é mister que o Legislativo promulgue uma emenda constitucional que trate crimes contra os animais da mesma forma que os feitos a seres humanos. Ademais, a mesma emenda deve exigir no ato da adoção a assinatura de um termo de responsabilidade, como também, vincular benefícios socias, a exemplo do bolsa família à vacinação e avaliação veterinária dos bichos domésticos. Enfim, ter-se á regras que freiarão a liquidez atual e proporcionarão uma solução para a questão dos maus-tratos contra os animais.