A questão dos maus-tratos contra os animais é uma temática muito discutida entre os especialistas no Brasil. Isso deve ser analisado, entendido e superado, uma vez que, de acordo com o filósofo alemão Schopenhauer, a compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o papel da bioética e a urgência em expor medidas que visem a minimizar a problemática. Em um primeiro viés, cabe ressaltar que a ética atual, baseada no antropocentrismo, necessita ser reavaliada, visto que as malvadezas contra os animais são recorrentes na sociedade. Nesse contexto, a bioética, que segundo o filósofo Peter Singer, é o princípio da igualdade na consideração da dor e do sofrimento para atender aos interesses tanto de humanos quanto de animais, deve ser considerada uma ferramenta fundamental no combate da violência contra os bichos. Desse modo, tal ciência representa um meio para superar a questão dos maus-tratos contra os animais e, assim, desconstruir a supremacia humana sobre os demais seres vivos. Outrossim, é válido salientar que, de acordo com a Magna Carta de 1988, incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que submetam os animais a crueldade. No entanto, decorrido 30 anos do texto normativo supracitado percebe-se uma conduta leniente por parte dos executores da lei, na medida em que são recorrentes os vídeos de violência contra os animais circulando na internet. Assim, expor medidas que visem a dar efetividade à legislação é imprescindível para superar a realidade e, dessa forma, consagrar o ordenamento constitucional. Diante do argumentado, infere-se, portanto, que ainda há inúmeros desafios para garantir a solidificação de um mundo melhor. Destarte, é dever do Poder Legislativo em parceria com o Ministério Público fiscalizar as leis já existentes -por meio dos agentes políticos eleitos em esfera municipal, estadual e federal- e, se necessário, torná-las mais severas com o intuito de desestimular possíveis agressores e aplicar as devidas penas aos infratores. Só assim, será possível alcançar os objetivos traçados pelos constituintes.