“Rio” e “101 dalmatas” são animações que retratam, respectivamente, a biopirataria da arara azul e a busca por pele de animais para fins industriais. Embora os filmes abordem questões especificas, eles trazem a tona uma realidade presente no Brasil: os maus tratos contra animais. Dessarte, é preciso entender suas verdadeiras causas para solucionar essa problemática. Em primeiro plano, destaca-se a ética antropocêntrica como impulsionadora do problema. Desde a antiguidade, a filosofia expõe os seres humanos como animais racionais, capazes de pensarem e tomarem decisões. Entretanto, hodiernamente, a noção de supremacia humana, no que se refere às outras espécies, legitima praticas violentas contra animais, tais como, cobaias em pesquisas, abandono, expô-los em situações estressantes, dentre outras. Sob esse viés, o “animal racional”, acredita na autoridade de abusar de uma espécie supostamente inferior. Dessa forma, os bichos estão constantemente sendo maltratados pelos humanos a favor do beneficio próprio, contrariando o significado de racionalidade, visto que esse ato é considerado crime ambiental pela constituição brasileira. Comitantemente, é indubitável que, aliada ao egoísmo humano, falhas no sistema judiciário contribuem para a manutenção desse crime. Segundo o autor Leonardo da Vinci, virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem. Todavia, o ato de matar ou maltratar um animal ainda é banalizado no Brasil, haja vista que, crimes com pena máxima a um ano, podem ser despenalizados, por meio da Suspensão Condicional do Processo, sobrando, então, somente o pagamento de fianças e multas. Dessa maneira, o governo não oferece a devida importância para práticas tão insensíveis, deixando, assim, uma imagem de impunidade para quem comete maus tratos contra os animais. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de reverter o cenário retratado, tomando as devidas soluções. Cabe ao Poder Legislativo aumentar a rigidez das leis contra os crimes ambientais, por meio de alteração do Código Penal, de modo que as penas e multas se tornem mais altas, além disso, estipulando que caso o infrator seja recorrente no crime, só possa pagar a pena com a privação da liberdade. Nessa conjuntura, o abuso contra animais deixará de ser considerado um crime banal e diminuirá a sua recorrência.