A socióloga Hannah Arendt utiliza conceito “banalização do mal” para a forma com a qual a sociedade se torna indiferente a determinados temas invisibilizados. No brasil contemporâneo, percebe-se o termo criado pela pensadora presente no tecido social, se considerados os maus tratos aos animais perpetuando-se, sendo fruto da ineficácia das leis vigentes em consonância com a liquidez humana da pós-modernidade. Dessa forma, medidas para a resolução do entrave são demandadas. Em primeiro plano, a Constituição Cidadão de 88 proibe todos os atos violentos em relação aos animais. Entretanto, vê-se que tal preceito do documento é insuficiente para a garantia de um bem-estar oriunda do grupo prejudicado. Como exemplo, têm-se os dados divulgados pelo portal informativo G1, os quais relataram um número de 2,2 mil denúncias só no ano de 2017. No entanto, apesar das altas denúncias, essas ainda têm potencial de aumento, se parte da população sair da inércia e denunciar. Por outro lado, os maus tratos a animais não configuram-se apenas por violência, a negligência população contribui para a continuação do impasse. Segundo o sociólogo Zigmunt Bauman, a liquidez nas relações humanas constitui um dos principais problemas do mundo pós-moderno. Nessa perspectiva, por todo seu sentimento líquido, o cidadão negligencia a adoção de animais encontrados nas ruas, corroborando a continua invisibilidade desses. Logo, enquanto não for resolvido, a sociedade conviverá com um grande mal: a crueldade relativa ao reino animal. Urge, portanto que o Ministério Pública, visando desconstruir a banalização do mal e a liquidez humana, em parceria com alunos dos cursos voltados à tecnologia das universidades federais, desenvolva um aplicativo voltado para a denuncia de atos cureis contra os animais, para que a população denuncie anonimamente e cm facilidade, já que, hoje, a maioria dos cidadãos usufruem de smartphones. Ademais, esse aplicativo deve vincular-se aos centros de adoções de animais, para que através dele o tecido social possa ver a disponibilidade desses à adoção, a fim de diminuir o número de animais negligenciados pela população.