O pensamento antropocêntrico, exponenciado principalmente durante o Renascimento, mostra a visão do homem como centro de todas as coisas e, por isso, seria superior a outros seres. Ao analisar a situação vigente na contemporaneidade, nota-se que esse pensamento de superioridade se reflete no alto índice de violência contra animais. No Brasil, essa prática é persistente, seja pela ineficácia das leis, seja pela baixa preocupação social. Em uma primeira abordagem, é preciso ressaltar que a falta de punição é uma das principais causas da problemática. Segundo o psicanalista Freud, o principal requisito da perpetuidade da agressão é a impunidade. Tendo isso em vista, percebe-se que a permanência dos maus tratos aos animais pode ser explicada por essa proposição, uma vez que, embora exista no Brasil a Lei de Crimes Ambientais, a precária punição estabelecida aos criminosos permite que eles continuem a cometer esses delitos. Aliás, os dados revelados pela Delegacia especializada em crimes contra a fauna, que mostram que menos de 50% das ocorrências registradas viram inquérito policial, certamente evidenciam a temática. Logo, a reformulação da Lei é uma necessidade e não um fato opcional. Outrossim, destaca-se a pequena mobilização da população como um fator impulsionador do problema. De acordo com o sociólogo Nobert Elias, as sociedades podem ser compreendidas a partir do exame de seus costumes. De maneira análoga, observa-se que a sociedade brasileira pode ser compreendida como omissa em relação à violência animal, visto que é de costume de grande parte dos cidadãos não realizar denúncias ou participar de espetáculos como rodeio e circos, os quais abusam desses seres inocentes. Com isso, a continuidade das agressões é evidente e os animais perdem a dignidade perante a falta de humanidade das pessoas. Ou seja, é extremamente importante que a população se mobilize para conter esse crime no Brasil. Fica claro, portanto, que a temática dos maus tratos é alarmante no país e é de grande importância a resolução. Nesse sentido, o Poder Legislativo deve proporcionar mudanças na legislação que protege os bichos, por meio da reformulação da Lei já existente, com o fito de permitir que a punição seja mais eficiente e, assim, reduzir a impunidade para os criminosos. Ademais, as ONGs, em parceria com os canais midiáticos, por intermédio das redes televisivas e sociais, devem promover propagandas, com a finalidade de alertar a população acerca dos abusos cometidos aos animais, de modo a incentivar e criar uma cultura de mobilização com denúncias, garantindo a devida proteção a eles. Desse jeito, o Brasil poderá superar a visão de superioridade e tratar todos os seres de maneira digna.