A constituição brasileira de 1988, em seu artigo 23, afirma que é dever do Estado proteger os animais. Entretanto, quando é visto a situação dos bichos, no século XXI, esse direito é apenas visto em teoria. Nesse contexto, é necessário analisar como a herança histórico-cultural e os descasos do governo impossibilita a solução dos maus-tratos contra os animais. A herança histórico-cultural é a principal responsável por essa problemática. Isso ocorre desde a época do Brasil Colônia, em que utilização de animais era, além de transporte ou força, utilizada para o entretenimento. Diante disso, a sociedade, então, como defende o sociólogo Pierre Bourdieu, tende a incorporar as estruturas sociais de sua época e reproduzir de forma natural ao longo de sua geração. Lamentavelmente, tal pensamento persiste, e, hodiernamente, é comum, por exemplo, nas vaquejadas e rodeios, bois sendo derrubados e feridos para o divertimento do público. Consequentemente, esses animais sofrendo maus-tratos como lesões e estresse, ficam totalmente debilitados. Além da herança histórico-cultural, o descaso do governo também é um dos responsáveis por essa problemática. Nesse sentido, a falta de fiscalização para garantir as leis, já presente na Carta Magna brasileira no artigo 23, permite com que muitos criadores tratem mal os animais. Segundo dados da Guarda Nacional Republicana (GRN), foram registrado quase 1000 casos de crimes contra animais em 2018. Diante disso, é indubitável que a ausência de fiscalização para a proteção dos bichos, torna a solução desse impasse cada vez mais distante. Torna-se evidente, portanto, que o problema com os maus tratos dos animais precisa ser combatido. Nesse contexto, é necessário que o Ministério da Educação, juntamente com especialistas na área, deve incluir as disciplinas de ética no currículo dos ensinos fundamentais e médios, por meio de uma lei aprovada no congresso para a mudança da grade escolar, assim, essas estruturas histórico-culturais, como previa Pierre Bourdieu, serão excluídas da nossa sociedade e a prática de maus-tratos aos animais não será comum. Ademais, o Poder Executivo, sobretudo na voz das prefeituras, deve promover a proteção e fiscalização dos animais através da contratação de agentes especializados,por meio de concursos públicos, esses agentes devem investigar, fiscalizar e punir casos de abusos aos bichos. Dessa forma, mesmo que a passos curtos, esse impasse será solucionado.