"Absortos, silenciosos, observando as sombras no fundo da caverna como se essas fossem de fato a realidade. " Essa é a descrição da alegoria da caverna do filósofo Platão, mas cai perfeitamente no que se refere a negação da sociedade de enxergar o grave problema dos moradores de rua no Brasil. Nesse sentido, há a necessidade de se discutir e promover ações que contribuam para a integração desses indivíduos à sociedade. Convém ressaltar, a princípio, que a questão constitucional e sua falta de aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com o escritor Gilberto Dimenstein, há na sociedade brasileira vários cidadãos de papel, isto é, indivíduos que possuem os direitos garantidos apenas no plano teórico. Ao seguir essa linha de pensamento, nota-se, que pessoas em situação de rua são vítimas desse cenário, hava vista que, segundo a constituição de 1988, direitos como moradia, educação, saúde e segurança são obrigações do Estado. Embora existam centros de acolhimento, eles são insuficientes e estão sempre lotados, logo, inúmeros cidadãos continuam na rua a mercê de violência, fome e frio, muitas vezes por anos ou até mesmo a vida toda. Além disso, é indubitável que a falta de solidariedade é uma grande aliada a perpetuação dessa realidade. Relatos de moradores de rua, retirados do jornal "O Tempo", apontam que, dentre suas dificuldades, o olhar preconceituoso da população são uma das principais. Posto que a invisibilidade e a imagem pré-determinada de que os que residem na rua são somente usuários de drogas e marginais é predominante e, sob esse viés, é comum o descaso de policiais, centros de atendimento a saúde e empregadores que negam trabalho para esses habitantes. Dessa forma, os denominados cidadãos de papel, são constantemente esquecidos e desprezados pelo Estado e o restante da população, ferindo, então, sua dignidade humana. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de reverter o cenário retratado, tomando as devidas soluções. O Ministério do Desenvolvimento Social juntamente com as Prefeituras Municipais, por meio da separação de verba dos impostos, deverão criar uma quantidade maior de centros de acolhimento com o propósito de oferecer abrigo, alimentação, roupas limpas e atendimento psicológico, a fim de que esses indivíduos com o tempo estejam aptos a estudar e a trabalhar. Outrossim, cabe as Secretárias dos Direitos Humanos em parceria com às mídias sociais, por intermédio de propagandas, a mobilização da sociedade a fazer passeatas com o intuito de conscientizar da importância da solidariedade. Nessa conjuntura, direitos sociais estarão mais próximos de serem representados conforme estabelecido pela Constituição Federal.