O direito à moradia digna é uma prerrogativa assegurada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos desde 1948. No entanto, pessoas em situação de rua são uma realidade de grande parte das cidades em todo o mundo, sendo um desafio aos governos que buscam combater a desigualdade e a miséria. Ora, para alcançar esse objetivo, é substancial que se retire essas pessoas da marginalidade assegurando a elas o respeito e a dignidade que qualquer cidadão merece. Em primeira análise, há sobre os moradores de rua o estigma de que esses indivíduos são criminosos, pedintes ou que estão nessa situação por preguiça. Contudo, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, 70% dos moradores de rua no Brasil exercem alguma atividade remunerada, ou seja, são pessoas que trabalham, frequentemente, em jornadas de trabalho exaustivas, como no caso de catadores de rua, mas que ainda assim não conseguem ter renda que as permitam ter uma moradia decente. Em segunda análise, a criação de albergues é uma iniciativa positiva, mas que ainda é escassa na maioria das cidades. Ademais, esses ambientes têm se mostrado uma opção com resultados insatisfatórios, uma vez que uma parcela dos moradores de rua se recusa a procurar os abrigos disponibilizados pelas prefeituras. Essa recusa existe, pois, de acordo com relatos de sem-teto, nesses locais, eles são tratados de forma desumana pelas pessoas que deveriam acolhê-los, na maioria dos albergues não existe local para abrigar os animais que vivem com os moradores de rua, além de muitos desses lugares apresentarem estrutura física precária. O crescente número de pessoas sem-teto é uma mazela que assola a maioria dos centros urbanos do planeta. Portanto, urge-se tomar como exemplo modelos de combate a esse problema, que deram certo. Na Finlândia, por exemplo, os albergues temporários, lotados de regras e que não prestavam assistência social aos moradores de rua, foram substituídos por moradias fixas, sem nenhuma condição imposta, além de ajuda para sair do desemprego ou de algum vício, sendo uma alternativa financeiramente viável, se considerar todos os problemas que as moradias fixas evitariam. O governo brasileiro, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, deve implantar esse modelo como alternativa para reduzir o número de pessoas em situação de rua. Em consonância, urge-se que Ministérios da Saúde e Desenvolvimento Social expandam programas de assistência médica e psicológica, além de programas de capacitação profissional e de oportunidades de emprego, criando parcerias entre público-privadas que permitam inserir esses cidadãos no mercado de trabalho formal.