A Constituição Cidadã de 1988 assegura que os presidiários em regime semiaberto devem ter direto às saídas temporárias do estabelecimento. Contudo a proposta do senador Ciro Rodrigues visa acabar com esse direito constitucional dos apenados. Nesse contexto, deve analisar as consequências para o meio social e intra-carcerário com o fim das saídas provisórias. Em primeira análise, é válido ressaltar que, por forte influência midiática, a sociedade criou um estereótipo preconceituoso do presidiário que é liberado em regime semiaberto. Sobre isso, indevidamente, normalizou-se que a cadeia deve vingar violentamente as atrocidades cometidas pelos internos. Em consequência disso, ao ser liberto, o ex-presidiário reproduzirá, lamentavelmente, as hostilidades submetidas a ele dentro do presídio. Nessa ótica, segundo o Anuário de Segurança Pública, ocorrem cerca de 75 mil assassinatos por ano no Brasil, número equivalente à quantidade de mortos pela bomba atômica no século XX. Com isso, justifica-se o pensamento do sociólogo, Jean Paul Sartre, que alega que qualquer forma de violência é sempre uma derrota. Outrossim, o limitado contato com as instituições sociais, como família e escola, é prejudicial ao presidiário e à sociedade. Isso porque, segundo o sociólogo Émile Durkheim, a associação entre o indivíduo e uma instituição social é fundamental para o desenvolvimento do sentimento de solidariedade que é benéfico à sociedade. Todavia, a proposta do senador Ciro Nogueira, impossibilita a possibilidade de saídas temporárias e deturpa a solidariedade dos apenados. Dessa forma, evidencia-se que as saídas temporárias dos presidiários devem continuar vigorando constitucionalmente. Torna-se evidente, portanto, que eventuais afastamentos das instituições prisionais são fundamentais para os presidiários, assim como, para a sociedade. Para isso, o Ministério da Segurança Pública, em parceria com o Governo Federal, deve elaborar campanhas, por meio dos meios de comunicação, para conscientizar a população de que o ambiente carcerário deve ser um ambiente agradável que estimule a convivência em sociedade. Ademais, o convívio social familiar deve ser estimulado por meio de palestras ministradas dentro das cadeias por psicólogas, a fim de estimular a solidariedade social dos presidiários.