Segundo a Constituição Federal de 1988, todo cidadão possui direito à propriedade privada, sendo cabível ao Estado a promoção desta regalia. Entretanto, na atual conjuntura nota-se exorbitantes casos de indivíduos que se encontram excluídos da sociedade, principalmente pela falta de celeridade do Estado em realizar programas sociais voltados para a reinserção deste contingente populacional, ou pelos resquícios escravocratas. Em primeiro plano, é indubitável que apesar dos recentes avanços com a implementação de projetos, como o Fome Zero, o qual reduziu drasticamente os índices de pessoas sem-teto, ainda há uma estrondosa parcela de indivíduos sem quaisquer assistência social, sendo isto um revés que assola a realidade brasileira. Todavia, é notório que nos últimos anos, a estagnação econômica que aflige o Brasil intensificou o processo de miséria, acarretando em um profundo estado de calamidade pública. Ademais, é necessário frisar que a maior parcela dos indivíduos desprovidos de moradia pertence a etnia negra, sobretudo pelo contexto histórico da escravidão ao qual estes cidadãos foram submetidos, visto que após a abolição pela Lei Áurea de 1988, não ocorreu uma integração efetiva de afrodescendentes à sociedade, sendo isto um encadeamento da escravatura. Contudo, a população negra, nas últimas décadas, vem cada vez mais sendo inserida no mercado de trabalho, mormente pelas políticas de cota racial em universidades públicas, as quais possibilitaram uma significativa redução de moradores de rua. Destarte, urgem medidas para dirimir este quadro inóspito. Assim, cabe ao Ministério das Cidades desenvolver projetos que visem a integração efetiva dos moradores de rua, por meio de parceria com ONG´s, visando a uma redução no índice de desigualdades sociais, assim espera-se que o Brasil se aproxime da realidade dos países nórdicos, e torne-se um lugar mais democrático para com os negros.