Violência, frio, alimentação inadequada, desconforto e medo constante. Essa é a realidade de pessoas que tem como moradia as ruas. Assim, tal como é mostrado na pesquisa da revista "Isto é", diversos indivíduos se encontram em situação de rua devido a drogas, desemprego e problemas familiares, sendo submetidos a uma vida desumana. Logo, é indubitável que aspectos políticos e sociais propiciam o estabelecimento dessa situação. Em primeiro plano, é notória a incoerência do cotidiano para com as leis regulamentadas no Brasil. Assim, de acordo com a Constituição de 1988, responsável por assegurar os princípios da dignidade, igualdade e liberdade, todo brasileiro possui direitos fundamentais como o da posse de uma moradia. No entanto, ao considerar a pesquisa do Ipea a qual cerca de 100 mil habitantes se encontram em situação de rua, observa-se a violação do tal documento. Dessa forma, analogamente a teoria de Durkheim, os moradores de rua são vistos como anomias haja vista que desestruturam a coesão social ao evidenciarem a insuficiência de instituições regulamentadoras. Além da ineficácia governamental, também é possível ressaltar a violência e apatia da sociedade como agravantes para o problema. Nesse viés, a visão de inferioridade criada acerca de pessoas em situação de rua, as quais são estereotipadas como preguiçosas, usuárias de drogas e de má índole, corroboram para atos cruéis contra as mesmas, assim como ocorreu no notável caso do índio Galdino em Brasília, que foi queimado vivo por jovens. Outrossim, a crescente indiferença nas relações interpessoais e egocentrismo tornam moradores de rua imperceptíveis a população, raramente recebendo amparos ou compaixão. A conjectura da vida dos moradores de rua é, portanto, subumana. Para mudar tal situação, faz-se necessário que os governos municipais ampliem suas políticas através do aumento de abrigos e de investimentos na reinserção dessas pessoas na sociedade. Ademais, é essencial que as escolas abordem o tema por meio de projetos sociais como campanhas do agasalho, entrega de refeições aos moradores de rua e diálogo com os mesmos, com o intuito de ajudá-los e também desmitificar o preconceito através do contato com as diversas realidades .