Na Europa, durante a Revolução Industrial, camponeses perderam o direito às terras, e muitos, sem conseguirem se adaptar às cidades, passaram a viver nas ruas. A mesma situação de rua ocorre em peso no Brasil, onde, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estima-se que haja mais de 100 mil pessoas nessa condição atualmente, o que fere o princípio da dignidade humana previsto na Constituição de 1988 e deixa parte do povo brasileiro esquecido ou discriminado pela sociedade. Devido ao preconceito, inúmeros atos de violência são praticados diariamente contra a população em situação de rua, incluindo violência física e moral. Não o bastante, essas pessoas, que são, em sua maioria, segundo o Ipea, trabalhadores informais, já carregam uma grande carga emocional devido às causas pelas quais eles se encontram nessa situação, que variam, principalmente, entre dependência química, alcoolismo, conflitos familiares e período de desemprego. Assim, viver nas ruas somente agrava sentimentos de frustração e impotência, levando, frequentemente, muitos moradores ao vício de álcool e drogas, causando um círculo vicioso que dificulta ainda mais a reinserção à sociedade. Somado a isso, há ainda a questão do tempo prolongado à condição de rua, que, por conta das diversas necessidades enfrentadas, leva essa população a uma alta suscetibilidade a doenças, tornando essa condição em caso de saúde pública. Ademais, indivíduos que estão há muito tempo nas ruas tendem a recusar acolhimento em abrigos municipais por conta das más condições de tratamento e de regras que não respeitam a individualidade de cada um. Acabar com o problema dessa parcela da população brasileira é um grande desafio a ser enfrentado. Sendo assim, com o intuito de reinserir essas pessoas na sociedade, cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social, em parceria com os Ministérios da Saúde e da Educação, disponibilizar assistência social para auxiliá-las em relação a possíveis vícios, inserção no mercado de trabalho formal e busca por saúde aperfeiçoamento educacional. Além disso, a oferta de habitações permanentes individuais, que, em longo prazo, terá custo inferior aos gastos sociais que serão evitados, é de suma importância para garantir a segurança e bem estar psicológico dessas pessoas, garantindo a eficácia das ações citadas.