Para a escritora Virginia Woolf, “de todas as coisas que existem, nada é tão estranho como as relações humanas, com suas mudanças, sua extraordinária irracionalidade”. A esse ponto, no Brasil, o revés dos 100 mil moradores de rua, segundo o Ipea, questiona a presença dos laços sociais entre os cidadãos brasileiros, que se dissipam pelo vício e prejulgamento. De acordo com pesquisas divulgadas pela revista Isto é, o consumo de certas drogas lícitas e drogas ilícitas revelam a principal causa para o crescimento da população mendiga. Contudo, apesar do combate aos entorpecentes ilegais, os malefícios da ingestão do álcool, como a cirrose hepática e doenças vasculares, parecem não possuírem a mesma credibilidade, devido, por exemplo, o seu predomínio comercial. Destarte, em consonância a Woolf, até esse momento, o ser humano mantém ações antirracionais prejudiciais à integridade social. Ademais, geograficamente, apesar de a globalização ter encurtado as distâncias métricas entre territórios, ela, porém, não conseguiu reaproximar os indivíduos uns aos outros. Sob essa ótica, os atuais mendigos muitas vezes passam por despercebidos ou tornam-se alvos de barbaridades, como os constantes casos de homicídios noticiados na mídia. Analogamente, Allan Kardec ressaltou que uma doutrina insensata e antissocial rompe os verdadeiros laços de solidariedade. Desse modo, a exclusão daqueles que necessitam de amparos corroboram a individualidade e atrofiam a compaixão coletiva. Transfiguram-se, portanto, a necessidade de promover a integração dos moradores de ruas à sociedade. Urge que Ministério da Saúde, junto ao Poder Legislativo, exija nas embalagens de bebidas alcoólicas selos com imagens das consequências deste vício e realoque tais propagandas para horários noturnos, métodos que irão, aos poucos, conscientizar consumidores dos riscos, além de conter futuras evasões para as ruas. Somada a essa intervenção, é preciso que os municípios cadastrem os mendicantes no Cadúnico – Cadastro Único para Programas Sociais-, com intuito de apoiar suas necessidades momentâneas. Outrossim, ONG´s podem realizar em locais comunitários dinâmicas educativas com o público local, as quais demonstrem a importância do respeito mútuo. Somente assim os laços sociais serão fortificados e tornará o corpo social sensível à fraqueza do próximo.