Na narrativa do escritor alemão Franz Kafka, o personagem Gregor Samsa transforma-se em um inseto após sofrer pressões de uma sociedade na qual o caos foi banalizado. Fora da literatura, a desordem instaura-se no Brasil pós-moderna à medida que nem o Estado, nem o corpo social se mobilizam com o intuito de promover a inclusão de ex-presidiários à sociedade brasileira. Dessa forma, novas medidas capazes de solucionar a problemática são necessárias para que ex-detentos não sofram similares metamorfoses. Em primeiro plano, a Constituição Federal de 1988 -norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro- já em seu preâmbulo assegura o exercício dos direitos individuais e sociais. Sob tal perspectiva, depreende-se que é responsabilidade do Estado garantir a reintegração do preso à sociedade, entretanto, a ausência de políticas públicas eficazes para esse fim, corroboram para um cenário ainda mais desafiador. Por consequência, ao retornarem ao convívio social, ex-detentos encontram-se muitas vezes sem perspectiva e, atualmente, 42% são presos novamente por praticarem crimes. De outra parte, a sociedade brasileira contemporânea é influenciada por uma cultura de preconceitos. Dessa maneira, mesmo após o cumprimento da pena, ex-presidiários são vistos como criminosos e tratados com desprezo por parte da população, o que repercute, principalmente, na dificuldade de inserção ao mercado de trabalho. Consoante a isso, o psicólogo Frederic Skiner desenvolveu a teoria do behaviorismo radical, definindo o comportamento do homem como reflexo daquilo que o meio exerce sobre ele. Destarte, a perpetuação da cultura do preconceito se dá devido à mimese que os cidadãos reproduzem do padrão social. Levando em consideração o exposto, para que a banalização figure apenas nas páginas da literatura, medidas são necessárias para a resolução do impasse. Torna-se imperativo que o Governo incentive a contratação de ex-presidiários por empresas privadas, por meio de subsídios e parcerias Público Privadas, objetivando ampliar a participação desse grupo social ao mercado de trabalho. Ademais, que a sociedade através da mídia, escolar e redes sociais, promovam debates a cerca da importância da desconstrução do preconceito para uma sociedade mais justa e de suas consequências para o convívio social, a fim de que a cultura de não aceitação seja erradicada. Assim, a problemática será superada.