No livro “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, conta-se a história das façanhas violentas de um adolescente, o qual acaba preso e passa por um tratamento para reformá-lo e inseri-lo novamente na sociedade sem problemas. Fora da ficção, os ex-detentos raramente passam por um processo de readequação e enfrentam diversas adversidades para conseguir restaurar a vida deles, que decidem por voltar por crime. Dessa forma, a falta de participação do Estado para fazer políticas pública para ajudá-los, aliada a um forte preconceito para com eles, torna-se um impasse para se conseguir a reinserção deles. Sob a óptica de Rousseau, filósofo iluminista, todo homem nasce bom, é a sociedade que o corrompe. Nessa perspectiva, a marginalização de setores mais pobres da população, junto com as desigualdades sociais, proporciona um aumento nas taxas de criminalidades, já que o crime é visto como a solução mais rápida e fácil para se melhorar de vida. Assim, a falta de atenção e preocupação do Governo com relação aos egressos faz com que eles não consigam encontrar um meio de sobrevivência que não seja voltar para o mundo do crime, pois com a má-distribuição de renda, crise e falta de escolaridade, não gera perspectiva para eles. Como foi exposto pelo filósofo Immanuel Kant, a educação se mostra como um meio de transformação e amadurecimento do indivíduo. Nesse contexto, segundo o Departamento Penitenciário Nacional, quase 50% dos presos não apresentam Ensino Fundamental completo, com isso, nunca puderam chegar a tal crescimento pessoal proposto por Kant. Dessa forma, desistem do mercado de trabalho e quando tentam ingressar nele, são rejeitados, uma vez que o preconceito dos contratantes, os quais acreditam que não vai haver um comprometimento e que eles podem cometer delitos no estabelecimento, torna praticamente impossível uma reintegração deles na sociedade. Para que, portanto, seja resolvido a situação é necessário tomar algumas medidas. Dessa maneira, o Ministério da Educação deve fornecer aulas por meios de cursos profissionalizantes a fim de educá-los e permitir que tenham alguma função profissional após sair da prisão, garantindo um passo a mais para capacitá-los para a sociedade. Ademais, as escolas devem, por intermédio de aulas com mais enfoque nessa conjuntura, desfazer o preconceito acerca deles, impossibilitando que, no futuro, não consigam um emprego devido à discriminação.