Título da redação:

Inclusão de ex-presidiários

Tema de redação: Como promover a inclusão social de ex-presidiários no Brasil

Redação enviada em 06/06/2018

“A prisão é um pesadelo, no qual sair em liberdade é como acordar.” A frase de Itamar Camargo, ex-presidiário e agora professor, sintetiza a falha do sistema brasileiro no que diz respeito à reabilitação dos presos, que serve tão somente para mantê-los afastados da sociedade. Dessa forma, somado ao preconceito e as condições degradantes da prisão, o encarceramento está longe de transformar a realidade dos sujeitos e incluí-los socialmente, pelo contrário, transforma-se em uma escola especializada em crimes. Partindo do ponto de vista social, é inegável que as desigualdades e a má distribuição de renda alimentam as altas taxas de criminalidade do país. Segundo o Índice de Progresso Social, Brasil é o 11º país mais perigoso e 10º mais desigual. Além disso, com a crise econômica, os brasileiros estão longe de alcançar a situação de pleno emprego, em que todos teriam uma colocação no mercado de trabalho com remuneração justa. Nesse sentido, o indivíduo fica à mercê de um ambiente com pouca oportunidade e sem perspectiva de vida, assim, na maioria dos casos, encontra no trabalho ilícito uma renda que não encontraria com a mesma facilidade em uma vida honesta. Portanto, o projeto de inclusão social deve começar majoritariamente fora da realidade carcerária, com investimentos na educação e redução das disparidades econômicas. Outro problema vigente é a superlotação dos presídios que dificulta o controle e, sobretudo, os programas sociais de reabilitação. Prova disso foi o famoso presídio “Carandiru”, dominado por organizações criminosas, que portava 5 mil detentos mesmo com a capacidade de apenas 1800. Em suma, na visão do escritor Francisco Arús, em um espaço organizado, projetos como o trabalho tornam-se imprescindíveis para a futura inclusão do detento, pois permite que o recluso disponha dinheiro para subvencionar a família e permite o conhecimento de um novo ofício que poderá ser útil na hora de conseguir emprego. Com base nisso, é fundamental instituir uma estrutura que ofereça aos detentos um ajuste ético e experiências que os façam sentir conscientes que o crime não compensa. Nessa perspectiva, é preciso o acompanhamento de assistentes sociais e ONGs nos presídios com o objetivo de aproximar e trabalhar assuntos familiares com os presos de forma que tenham amparo emocional durante a pena e ao sair. Outrossim, o Governo, por meio de parcerias público-privado, deve promover cursos profissionalizantes, graduações e tarefas que estimulem as habilidades dos indivíduos de modo que a vida ilícita não seja a única opção. Assim, casos como o do professor Itamar Camargo não serão exceções e sim consequência de um modelo carcerário equilibrado que permite a inclusão social e formação de uma vida digna fora das celas.