Título da redação:

Condenação perpétua

Tema de redação: Como promover a inclusão social de ex-presidiários no Brasil

Redação enviada em 05/09/2018

Condenação perpétua Ao cometer um crime, o indivíduo passa a ter uma dívida com o Estado cujo soldo é produto, muitas vezes, de anos no cárcere. Diante disso, ao fim da pena é de se esperar que o ex-presidiário tenha a chance de voltar para vida em sociedade sem cometer os mesmos erros. Contudo, essa realidade está longe de ser atingida, uma vez que, ao saírem, os ex-detentos se deparam com a depreparação e o preconceito como principais rivais na sua reintegração social. Em primeira instância, é necessário entender que o presídio equivale à um lugar de reabilitação para pessoas que de algum modo feriram as regras da justiça do país, de modo que elas, quando em liberdade, possam exercer seus direitos civis como qualquer outro cidadão livre. Todavia, índices divulgados pela uol indicam que 72% dos presídios no Brasil não possuem oficinas laborais. Consequentemente, na maior parte dos casos, os presidiários ficam anos sem trabalhar ou obter algum tipo de especialização e estudo, de modo que ao saírem dos presídios, monstram-se inaptos à adentrarem no mercado de trabalho. Esse fator associado ao fato de que em grande parte dos casos o ex-detento não possui apoio familiar, contribuem com o elevado índice divulgado pelo g1, o qual aponta que 80% dos ex-detentos voltam à vida do crime ao saírem em liberdade. Todavia, a causa do déficit na reabilitação de ex-presidiário como cidadãos livres vai muito além dos muros dos presídios, mostrando-se irraizada no pensamento social, de modo a ser responsável pela alimentação do preconceito. Legitimando essa afirmação, pode-se citar as diversas postagens nas redes sociais referentes ao incêndio no presídio de Santa Cantarina, em 2018, as quais, em grande parte, baseavam-se na ideologia de que bandido bom é bandido morto. Esse tipo de pensamento está presente na vida das pessoas e, desse modo, a busca por trabalho depois de cumprir pena torna-se praticamente inviável, pela desculpa de que trazer alguém que já cometeu um crime é arriscar a segurança da local de trabalho. Consequentemente, os ex-presidiário são jogados às margens da sociedade, de modo que, embora, tenham pago suas dívidas perante a justiça, encontram-se condenados perpétuamente pela sociedade. Destarte, quando sai em liberdade, o ex-presidiário enfrenta o despreparo profissional e o preconceito enraizado como inimigos de sua reintegração social. Diante disso, é necessário que o Estado direcione verbas para formação de oficinas laborais em presídios, nas quais os detentos possam trabalhar e especializarem-se, de modo a tornarem-se aptos ao mercado de trabalho. Ademais, é necessário que os orgãos formadores de opinião pública iniciem campanhas publicitárias que mostrem relatos de ex-presidiários, de modo a demonstrar a necessidade do apoio social. Só assim a pena prisional passará a ser um período de aprendizado, e a sociedade passará a entender a necessidade de dar uma segunda chance aos que já cumpriram suas dívidas perante a justiça.