Após a assinatura da lei Áurea, que garantiu o fim da escravidão no Brasil, depois de mais de 300 anos de submissão, os negros foram libertos sem nenhuma perspectiva de vida. Sem educação, sem identificação e sofrendo preconceito, essas pessoas ficaram à margem da sociedade, pois não conseguiam um emprego para se estruturarem socialmente. Outra classe que sofre com o abandono após a liberdade são os presidiários que, por falta de políticas públicas eficazes e oportunidades, acabam voltando ao mundo do crime. Segundo dados do Infopen, Sistema Integrado de Informações Penitenciárias, 75% (setenta e cinco por cento) da população carcerária não concluíram o ensino médio. Isso mostra que a maior parte dos presidiários provem de uma classe já desprivilegiada, e que não tem outras alternativas para sobreviver, além de cometer crimes, ou que não possui uma estrutura familiar que lhe orientasse, ou vivem em áreas que o contato com o crime é frequente. E ao cumprir a pena, ainda sofrem com preconceito, os tornando suscetíveis a praticar crimes novamente. O filme Última parada 174, baseado em fatos reais, conta a história de Sandro, que é um jovem negro e é preso por um certo tempo em uma unidade para menores de idade, e durante esse tempo ele sofre maus tratos e não recebe ajuda psicológica e quando sai dessa unidade volta a cometer crimes. A história de Sandro, pode servir como exemplo, as cadeias brasileiras não têm meios de socializar os infratores, não oferecem escolas, cursos, estão superlotadas e oferecem condições desumanas. Portanto, fica evidente a necessidade de criação de políticas públicas e apoio da sociedade para a inclusão dos ex-presidiários. Primeiro cabe ao Estado, tentar diminuir a entrada das pessoas no crime, os oferecendo emprego, educação, saúde e moradia, também é função do Estado, fazer novos concursos para juízes que irão julgar casos que estão pendentes, a fim de diminuir a população carcerária, criar novos presídios que possam oferecer condições humanas, onde os presos possam estudar, trabalhar e ter acesso a serviços de saúde e apoio psicológico para essa população. O poder legislativo deve criar leis que ofereçam cotas de vagas de trabalho e na entrada de instituições de ensino superior para ex-presidiários. Cabe a sociedade, ter empatia e respeito e oferecer oportunidades para a inclusão da população carcerária.