Vivemos numa sociedade capitalista e meritocrática, na qual desde o ensino básico somos instigados a sermos os melhores com notas ou formas de se expressar. Aqueles que não conseguem esse tal destaque estão na sua maioria fadados ao fracasso e a sociedade lhes força a buscar algum meio de sobrevivência, seja ele legal ou não e assim surge grande parte da criminalidade no Brasil. De conformidade com isso, Theodor Adorno, um dos grandes sociólogos da história afirmou que o talento é socialmente construído. Este socialmente está atrelado às condições financeiras, o meio social, às instruções culturais e educacionais, dentre tantos outros fatores. Sendo assim, não é diferente dentro da cadeia, onde grande parte dessa população é de origem culturalmente e moralmente fragilizada. É nítido perceber que sem a intervenção do Estado, a afirmativa do filósofo Jean Rousseau, que diz que a sociedade é que corrompe o homem, será verdadeiramente confirmada, porém de forma negativa e catastrófica. Muitas pessoas, inclusive leigas afirmam que quem entra na cadeia só sai pior. Desta forma, moralmente corrompido, com poucas instruções educacionais e somado ao preconceito da sociedade, o ex-presidiário tem quase tudo para se reaproximar do crime quando estiver em liberdade, sendo na grande maioria das vezes para manter a sobrevivência sua e da família, pois onde era pra acontecer um processo de reabilitação e educação, visando a reintegração em sociedade, ele acabou se aproximando ainda mais do crime, como se fosse uma viagem de intercâmbio para outro país, absorvendo muitos elementos daquela cultura e povo. Portanto, o processo de reintegração do ex-presidiário na sociedade brasileira é algo cultural, que está ligado à estrutura dos presídios, que por meio das secretárias de segurança deveriam oferecer tratamentos psicológicos, educação profissional, reeducação moral, sejam com aulas, palestras, visitas, atividades práticas, dentre outras intervenções. Já o Ministério da Educação, deveria certificar a formação profissional destes detentos, para que eles tivessem maior aval quando fossem buscar um novo emprego em liberdade. E por último, e não menos importante, os profissionais de educação devem se auto reeducarem para que não tarjem alunos simplesmente por tirar uma nota ruim como uma pessoa sem futuro. Todos têm potencial de ser bom em algo e ele pode ser feliz e bem-sucedido nisso sem se quer terminar os estudos ou cursar uma faculdade.