Desde que os primeiros hominídeos desceram das árvores, há seis milhões de anos, a competição sempre conferiu vantagem àqueles que se movimentassem com mais desenvoltura, assim como previa a “Seleção Natural” de Charles Darwin. Conquanto, o Homo sapiens, por intermédio das revoluções tecnológicas embasadas nessa ideia, transformou o modo com que ele produz e se alimenta, surgindo a então preocupante insegurança alimentar. Nessa conjuntura, é imprescindível que subterfúgios sejam encontrados a fim de resolver essa inercial problemática que advém do uso exacerbado de transgênicos e das possíveis patologias que a má alimentação proporciona ao homem contemporâneo. É indubitável que a educação seja o maestro do desenvolvimento de um país. Hodiernamente, ocupando a nona posição no Produto Interno Bruto, seria racional acreditar que o Brasil possui um ensino digno de palmas. Entretanto, a realidade é justamente contrária, e esse contraste é nitidamente refletido no uso de organismos que não foram provados, cientificamente, como saudáveis, como é o caso dos transgênicos, e mesmo assim são comercializados às pessoas que, muitas vezes, compram sem saber dos perigos vindos pelo alimento. De acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, os organismos geneticamente modificados (OGM) podem acarretar doenças que vão desde a má formação congênita aos problemas neurológicos, sem mencionar o câncer. Nessa conjectura, é válido depreender que a falta de ética ao colocar à venda alimentos que podem matar o indivíduo chegou ao ápice da ignorância humana, uma vez que a falta de conhecimento aliena, infelizmente, a população menos esclarecida. Logo, é visível que a tecnologia mudou a relação com que o homem produz, consome e trabalha o seu metabolismo celular, contudo, na maioria dos casos, não integrou a informação à essa revolução. Outrossim, destacam-se as doenças que a má alimentação, ou a falta dela, permite ao homem moderno. De acordo com Durkheim, o fato social modela a forma com que o ser humano age no coletivismo. Diante desse exposto, nota-se que a correria do cotidiano mudou completamente a forma com que o proletário se alimenta, dado que, quase sempre, ele prioriza o lucro final da empresa em detrimento da própria saúde, fazendo com que opte para os famosos “fast-food”, um ambiente propício ao desencadeamento de doenças crônicas como o colesterol, o diabetes e doenças cardiovasculares devido ao alto teor de gordura nos alimentos ingeridos. Somando-se a isso, ainda existe o grave quadro de desnutrição em um dos países que mais exporta soja no mercado internacional: o Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, algo inadmissível em virtude de ser, também, um dos países que mais desperdiçam comida no mundo. Em suma, O Brasil precisa de políticas que amenizem o uso exagerado de tecnologia nos alimentos, a fome e a ignorância do mundo capitalista. Fica evidente, portanto, que há entraves que garantam a solidificação de políticas públicas que visem à construção de um mundo melhor. Como dizia Newton, na Primeira Lei, existe uma força a qual deve ser aplicada para que determinado objeto saia da inércia; hoje, o objeto simboliza a segurança alimentar, e a força, o Estado e a sociedade trabalhando em conjunto para sanar esse impasse. Destarte, o Poder Legislativo deve elaborar leis que limitam o uso de agrotóxicos e transgênicos, criando cotas e liberando o comércio apenas quando existe comprovação cientifica de que o alimento seja, de fato, saudável; e mesmo os produtos liberados, que fiquem com rótulos visíveis de que é um organismo modificado pela ação antrópica, uma vez que, assim, o cidadão fique ciente e consuma com tranquilidade. Ainda, o Ministério da Educação deve incentivar a pesquisa sobre os OGM, oferecendo bolsas de pesquisa científica àqueles que se interessam em biologia molecular, pois como disse o pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas são capazes de mudar o mundo.