A obra literária "Vidas Secas", do romancista Graciliano Ramos, narra a vida de Fabiano e Sinhá Vitória, um casal de retirantes que junto aos seus filhos sofrem com o desprovimento de alimentos. Embora tenha sido escrita em 1938, a história de Fabiano e sua família retrata o contexto de insegurança alimentar que atualmente muitos brasileiros vivenciam. Assim, é necessário analisar a conjuntura social e legislativa do País para se compreender tal fato. Em primeira análise, a dificuldade de se instituir um panorama de segurança alimentar esbarra em obstáculos no meio social. Nesse viés, encontra-se os hábitos alimentícios desregrados, mantidos por boa parte sociedade brasileira, que impedem o processo de seguridade nutricional e terminam por desencadear em uma série de problemas de saúde advindos de uma má alimentação, como a obesidade por exemplo. Outrossim, a problemática acentua-se pois o grande volume alimentos que têm potencial de reaproveitamento são desperdiçados em lixões e localidades pouco saneadas, gerando uma cadeia de efeitos sociais e ambientais negativos. Em segunda análise, a ineficácia legislativa que impera acerca dessa temática dificulta a garantia desse benefício à sociedade. Sendo assim, de acordo com a Constituição Federal de 1988 é direito de todo brasileiro usufruir de meios que garantam o acesso perene a uma alimentação de qualidade, entretanto a esfera estatal vai de encontro ao requerido pela Carta Magna na medida em que as suas ações pouco contemplativas, a baixa abrangência das políticas públicas implementadas e o uso descabido de fertilizantes e agrotóxicos nas lavouras, não oferecem medidas eficazes para assegurar essa prerrogativa. Portanto, medidas são necessárias para mitigar esse conflito. Logo, ONG's como a "banco de alimentos", cujo trabalho é cessar o desperdício alimentício no País, em associação com setores comunitários podem promover ações de remanejamento das sobras que seriam desperdiçadas e, por meio de banquetes gratuitos ou pratos a preços populares, fornecerem apoio às pessoas que encontram-se em estágios de insegurança alimentar. Ademais, cabe ao CONSEA (conselhos nacional se segurança alimentar e nutricional), ampliar as áreas de atuação das políticas públicas existentes pelo País e fornecer subsídios para o desenvolvimento da agricultura familiar, mediante o envio de verbas para estes projetos, com o intuito atender a maiores demandas populacionais. Consoante isso, o Estado também deve investir nos setores de pesquisa agrícola a fim de diminuir a dependência dos agroquímicos nas lavouras e manter a qualidade nutritiva dos alimentos. Dessa Forma, a realidade de Fabiano e Sinhá Vitória deixará de vigorar.