Manuel Bandeira, pioneiro do movimento modernista, escreve, em seu poema- O Bicho– “Vi ontem um bicho, na imundície do pátio, catando comida entre os detritos. [...] O bicho, meu Deus, era um homem”. Hodiernamente, esse trecho se enquadra à realidade a qual viviam milhares de brasileiros, nesse contexto não há dúvidas que a mácula segurança alimentar no Brasil não é um problema restritamente atual. Em contraste, o país vem explicitando reduções significativas em dados referentes a fome e, por outro lado, aumentando as estatísticas de obesidade. A música – “Comer comer” – sucesso dos anos 80 que se estende até os dias de hoje, faz referência aos malefícios oriundos da escassez alimentícia: “se eu não como me dá nó nas tripas/Me ataca a gripe, não posso dormir [...].” Todavia, esse fato retrata o passado de muitos brasileiros, pois, segundo o IBGE, em 9 anos, a taxa de fome apresentou reduções significativas de até 3,7%. Em virtude, do auxílio de programas governamentais, e da estagnação da taxa de desemprego, o que ruma ao “progresso” do lema positivista presente em nossa bandeira e contribui para a retirada do Brasil do mapa da fome. Outrossim, de forma antagônica, na obesidade, de acordo o Ministério da Saúde, observa-se um aumento de mais de 60% em relação a anos anteriores. Assim coadjuvando para a eclosão de doenças como a diabetes e hipertensão. De acordo Hipócrates, médico e filósofo grego que afirmou: a alimentação deve ser o único remédio. Ao seguir essa linha de pensamento, conclui-se que a segurança alimentar não se encaixa na teoria do filósofo, partindo desse pressuposto, é notório, o desequilíbrio e a má educação alimentar do brasileiro. Vale, ressaltar, o uso desenfreado de agrotóxicos nocivos à saúde humana e a adoção de fast-food’s que corroboram para o agrave do problema no Brasil. Infere-se, portanto, que para que haja garantia de segurança alimentar faz-se necessária a adoção de medidas com o fito de mitigar e até mesmo erradicar o seu contraste. Dessa forma, torna-se imperativo que o Governo Federal, em parceria com Ministério da Saúde dê mais ênfase a políticas sociais como o Fome 0: programa de enfrentamento à fome, com o fito de melhorar a distribuição alimentar de qualidade na mesa dos brasileiros precipuamente aos de baixa renda. Cabe, também, que se estabeleçam parcerias com a mídia para a criação de campanhas que visem incentivar o cultivo orgânico e alertar sobre os danos causados pela ingestão de fast-food’s e alimentos cultivados com agrotóxicos. Assim, poder-se-á transformar o país com hábitos dos quais Hipócrates pudesse se orgulhar.