A Constituição de 1988 garante o direito básico a uma alimentação digna e de qualidade a toda população brasileira. Contudo, na prática, o cenário é bem diferente, tendo em vista milhares de pessoas que ainda enfrentam o drama relacionado à insegurança alimentar no Brasil. Devido a interesses de cunho capitalista, a saúde da população vem sendo, gradativamente, denegrida, devendo haver estratégias resilientes que combatam, com urgência, essa mazela. O filósofo Imannuel Kant costumava dizer que não somos ricos pelo o que temos, e sim pelo o que não precisamos ter. Em contrapartida, o capitalismo e sua obsessão lucrativa presente na sociedade corrompem valores, geram insustentabilidade, tanto social quanto ambiental e, sobretudo, agridem a dignidade da população, o que fere direitos básicos assegurados por lei. A saber, fome difere de carência alimentar, uma vez que o Brasil, como um grande exportador, segundo dados do IBGE, produz, anualmente, toneladas de alimentos. Dessa forma, o que de fato acontece é o aumento dos preços nas prateleiras dos supermercados que não condiz com a renda de muitos brasileiros, acarretando em quadros de miséria e desnutrição graves. Como se não bastasse, a qualidade agrícola ofertada se resume no uso intensivo de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas, o que põe em risco a segurança alimentar da população. Historicamente, a Revolução Verde visava o combate à fome, com o auxílio dos Estados Unidos, por meio de empréstimos e financiamentos, ao desenvolvimento agrícola do Brasil. Contudo, o fato de o país americano ser sede da maior produtora de sementes alteradas, a Monsanto, na qual se concentra 90% da produção mundial dessas, evidencia, novamente, a obsolescência da mente capitalista de mercado. Fica claro, portanto, que interesses capitalistas encontram-se intimamente ligados à insegurança alimentar no Brasil. Sendo assim, torna-se crucial que o Governo Federal, em ação conjunta à Anvisa, regulamente o uso de agrotóxicos e sementes híbridas nos alimentos, por meio de fiscalizações intensivas nas lavouras produtivas, com o intuito de melhorar a qualidade alimentícia e, consequentemente, a saúde populacional. Além disso, a Organização Mundial do Comércio pode reestabelecer o tabelamento do preços dos alimentos, tornando-os mais acessíveis à compra e ao consumo aos mais necessitados a fim de extinguir valores capitalistas os quais tanto ferem a dignidade humana e a lógica Kantiniana.