Está escrito na Constituição Brasileira que a alimentação digna, assim como a saúde, a educação, o lazer, a segurança, entre outros, são direitos básicos do cidadão. Portanto, seremos uma nação cumpridora de nossos deveres quando proporcionarmos condições de vida justas e iguais para todos – e isto se aplica à alimentação. Infelizmente, o Brasil é portador de imensa desigualdade, onde um pequeno percentual dos mais ricos detém a mesma parcela de renda que um percentual quatro vezes maior do grupo de menor renda. Essa desigualdade na distribuição de renda repercute na qualidade dos serviços e produtos destinados àqueles que podem pagar por eles e os que não podem. Os indivíduos que não podem pagar, tornam-se mais dependentes do Estado no que diz respeito ao acesso à melhor qualidade de vida. Ocorre que no nosso país a própria tributação é perversa, no sentido de que o Estado poderia adotar o pagamento progressivo dos impostos, de acordo com a renda. Deste modo, aqueles que tivessem mais renda pagariam mais impostos. Uma medida como essa, auxiliaria o alcance de mais igualdade entre a população. Hoje, os mais pobres pagam impostos indiretos sobre o que consomem. Assim, ao comprar produtos alimentícios, os mais pobres pagam muito mais por eles, em relação aos mais ricos, visto que para uma pessoa que percebe vencimentos da ordem de R$ 900 reais por mês, o pagamento do mesmo valor em impostos indiretos sobre produtos alimentícios pesará mais do que para uma pessoa que receba R$ 9.000,00 como salário mensal. Deste modo, a adoção de mecanismos de distribuição de renda proporcionará não somente melhor alimentação ao povo, como melhor qualidade de vida, em todas as demais áreas. Além disso, a publicação de leis que estimulem o reaproveitamento de alimentos também será uma alternativa possível. Apesar de proibidos, restaurantes e estabelecimentos similares poderiam doar os alimentos em bom estado que sobrassem diariamente – desde que sob a adoção de determinadas regras, que prevalecessem sob a proibição pura. Enfim, sob a orientação do Estado, leis e outras medidas que visem, principalmente, à distribuição menos desigual de renda e ao reaproveitamento dos alimentos, poderiam ter grande impacto sobre o atual quadro de deficiência alimentar que uma parte da população vive hoje.