No final da década de 40, um movimento de modernização agrícola, conhecido como Revolução Verde, prometia, por meio da otimização da produtividade, a erradicação da fome no mundo. Infelizmente, seus insumos mecânicos e químicos não foram suficientes para por fim na insegurança alimentar presente, até hoje, em regiões como a Nigéria e o Iraque. No Brasil, não obstante recentes esforços sejam reconhecidos, a previsão do IBGE é que, com a crise, a situacão piore. Nesse contexto, faz-se necessário entender como esse fenômeno ocorre e o que deve ser feito para solucioná-lo. Apesar de muitos atribuírem a existência do problema à producão insuficiente de alimentos, isso é facilmente constestável, uma vez que o país, há muito tempo, é um dos maiores produtores e exportadores globais de espécies agrícolas, como frutas, grãos e carne. Nessa perspectiva, a problemática está associada a uma outra dimensão que, como vivemos numa sociedade capitalista, em que é a quantidade de dinheiro quem determina o que e o quanto se come, é a econômica. Sendo assim, é essencial garantir à população uma distribuição de renda mais justa, que permita a cada família condições financeiras suficientes para suprir, ao menos, o mínimo necessário a uma vida ativa e com saúde. Outrossim, é fundamental que a sociedade tenha, à sua disposição, informações confiáveis, para se tornarem capazes de constituir uma boa alimentacão. Com os intensos apelos das redes de fast-food e de ultraprocessados, muitos têm baseado a alimentacão em itens não nutritivos, com excessos de gordura, açúcares e sódio, componentes conhecidos por aumentarem os riscos de se desenvolver diabetes, hipertensão e obesidade. Isso sem se levar em conta a quantidade enorme de agrotóxicos residuais e de substâncias tóxicas proibidos fora do país presentes em muitos alimentos comercializados nacionalmente. O pesticida DHT, e o corante Caramelo IV, ingrediente da bebida tradicional da Coca-cola, por exemplo, já são proibidos nos EUA e em países da Europa, porém largamente utilizados no Brasil. Por fim, deve-se combater o desperdício alimentar. Não é raro que restaurantes e supermercados descartem, constantemente, alimentos consumíveis no lixo. Segundo a World Resources Institute, os brasileiros desperdiçam cerca de 41 mil toneladas de comida por dia. Em determinados seguimentos, inclusive, o índice de perda pode chegar a 40% do que foi produzido. Portanto, a segurança alimentar de uma sociedade depende de diversos fatores, que são sistêmicos e devem funcionar em conjunto. A manuntencão de programas sociais organizados pelo governo, como o Bolsa Família e o Auxílio à Agricultura Familiar, é muito importante, pois contribuem para o reforço financeiro dos indivíduos. Ademais, o corpo legislativo do país deve regulamentar a distribuicão e o gerenciamento de alimentos e sobras doados, já que, até hoje, isso não foi feito, impedindo maiores reaproveitamentos, que diminuíriam desperdícios. Para esse mesmo objetivo, o executivo estadual pode, ainda, construir mais Centros de Abastecimentos, as ceasas, e Bancos de Alimentos, pois centralizam as operações logísticas. Talvez, assim, a alimentação passe a ser, de fato, um direito de todos os brasileiros.